quinta-feira, 14 de março de 2013

Pra ser sincero!


Pra ser sincero, só falo do que vejo e sinto. O homem é produto do meio. Malgrado, parafraseando Voltaire (Cândido), “não é preciso viajar pra saber que o céu é azul”.

Disto não posso fugir. Se moro na divisa de Casa Amarela, ando de Córrego da Areia e como na padaria da Várzea (comendo pra fazer bosta, como diz uma amiga), impossível  estragar  verbo com amenidades.

Vou de chincha mesmo, com sofreguidão, que me é peculiar “ab ovo”.

Penso até encabular certas palavras. Inefável. Inefável amor. Paixão. Mas não encontro buraco. Outra. Indelével. Pensamento indelével. Obstinação. Lembro logo constipação. Dor de barriga. Laxante. Diarréia.

Não digo o velho safado (Bukowski), apesar do tom coloquial, porque com efeito não chego ao extremo. Mas numa história de amor acho mais relevante  o peido sonoro  que se  “solta” inadvertidamente.

Pode ser pior!


Desempregado, liso, mulher e dois filhos pra criar. O único bem uma vaquinha amarrada no quintal, comendo monturo e jorrando leite minguado.
__ Sr. Padre, estou desesperado, queria ajuda . . .
__ Coloque a vaca dentre de casa.
__ Mas seu padre?!
__ Coloque e volte aqui depois de quinze dias.
O espaço, que já era pequeno, tornou-se impossível. A vaca mugia, os garotos choravam e a mulher reclamava __a entonação lembra Selma do Coco:
Eu vi um sapo correndo de lá
A menina que chorou
Quando olhei prá gaiola eu vi
A minha rola que voô
Oi corre, corre, corre
Pega, pega minha rola
"avôa", "avôa", "avôa"
Pega, pega minha rola
Eu não vou na sua casa
Prá você não ir na minha
Que tu tem a boca grande
Vai comer minha galinha
Mas a fé remove montanhas.
__ E aí meu filho?
__ Um miséria Sr. Padre. Um inferno.
__ Retire a vaca e retorne depois de 15 dias.
Paz. Mansidão e muito cuscuz. O sujeito afofa.
A volta gloriosa.
__ Melhorou a situação meu filho?
__ Depois da retirada de “mimosa”, o céu Sr. Padre.
Quando os neurotransmissores insistem em não  funcionar direito converso por meia hora com minha secretária da Brasilit. 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Amor que fica!


No princípio era o Caos. Depois, Urano casa-se com Gaia e geram Cronos e outros Titãs. Cronos mata Urano cortando sua genitália que, ao cair no mar, gera Afrodite, a deusa do amor.
Amor e sexo sempre andaram juntos, o que dá azo muita vez à preleção da grave máxima: amor que fica é o amor de pica. Será? Verrugas à parte, o buraco é mais embaixo.

Depois de transferido para conjunto habitacional ao lado do GOE (grupo de operações especiais), no cordeiro, perdendo a belíssima vista do horizonte sobre o mar do Pina, pescador declara, agora mais do que nunca, o seu amor pela esposa.

Ele, malgrado a ausência dos dentes da frente, forma retilínea forjada na labuta diária sob sol escaldante; ela, roliça. Sexo diariamente, na base de pão com manteiga. No domingo, almoço com a sogra. Conversa à toa, riso fácil. A graça é “peiticar”.  Até com os amigos: vou levar tua mulher pra pescar hoje, “gaiudo”! 

Quebre-se o ambiente e o “amor” acaba! Basta sorte grande em loteria.

E o sujeito ganhou na megasena e ocultou o fato da esposa. Depois de vinte e cinco anos “comendo rato” juntos, ele pediu separação. Ainda bem que a justiça reverteu o intento maligno, fazendo-o dividir a bolada.

Noutro nível. Frida Kahlo amou Diego Rivera a vida toda, apesar de ser “fruita” e de ele ter tido seis filhos com sua irmã mais nova. Pelo sexo é que não foi.

Aos 52, tenho cá desconfiança que essa coisa de amor não tem vida própria.

Tarado!


Depois do Kobo, mania de ler vários livros simultaneamente. Pulo aqui e ali, mas sempre volto ao inteligível, à leitura tranquila. Prefiro as tiradas de Rubião aos conflitos de um dia de Leopold Bloom.


O moribundo deixa-lhe o fiel escudeiro. Logo que sabe da morte do pai do Humanitismo (aqui, a genialidade do autor é impressionante, antes mesmo de Saussure estabelecer as bases do estruturalismo), resolve livrar-se do animal.

 

Como a transmissão da herança resta condicionada aos bons cuidados que se devem prestar ao cão, corre o professor em desespero ao seu encontro. Isso acontece muita vez nas relações humanas.

 

Machado é aficionado por braços, ombros e colo. Acho que era o que se podia mostrar, decentemente. Geralmente, quando começa a descrever os atributos de uma mulher, ressalta-lhe a aparência mais jovial e fala dessas partes do corpo.

 

A preocupação com a jovialidade transborda a personagem com efeito.

 

Fico a imaginar como se dava o processo de sedução naqueles tempos. Primeiro os braços, depois os ombros, um tiquinho de perna . . . O beijo devia beirar o clímax. O sujeito com leves traços de ejaculação precoce tava fodido.

 

Hoje a coisa degringola. Na praia, difícil é ver o fio dental: é só bunda, e bunda. Não digo lá pelos vinte anos, pois que nessa idade, excepcionado-se padre, tudo que use saia é comestível, mas a partir dos cinquenta há que haver um certo mistério, combustível indispensável, sob pena de usar-se aditivo.

 

O sujeito que transa com a esposa depois de trinta anos de casados é um tarado!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

CLIMA


Falar-se em “pele” agora é moda. Não “rolou”, é uma questão de “pele” e coisa e tal. Advogado é quem gosta de incorporar esses tipos de inovações semânticas. Houve tempo que era “engessar”. O discurso não era discurso se não houvesse a palavra boiando no meio. Também “epitelial”; aqui, não obstante decorrer de “pele”, pra indicar a superfície ou superficialidade de qualquer questão.

Pra mim, melhor é “clima”. Pois que dele deriva esquentou, esfriou e amornou.  E o sujeito brochou porque não houve “clima”. Ou a camisinha era muito grossa, matou o “clima”. E transar de camisinha com efeito é o mesmo que chupar bombom com casca. Tergiversei. E há clima de elevador: __ Bom dia, tudo bem? __ Tudo. E pra que respondeu? A pergunta é protocolar, não existe interesse em saber a real situação do outro, não há “clima”. Dê o troco: --Tudo bem? E fica por isso mesmo.

E entra-se no “clima” do carnaval. Bem antes mesmo da festança de quatro dias. E o sujeito se traveste de “super herói” e sai no “Enquanto isso na Sala da Justiça”. Tenho vergonha. Não vejo graça alguma. Com efeito, não incorporo o “clima” do carnaval. Não é minha “praia”.

Nunca fui pra o galo. E nem vou. Não há motivo pra se orgulhar daquela multidão aglomerada no centro da cidade.  Mas o povo se orgulha. Orgulha-se até por Eike Batista ser um dos homens mais ricos do mundo!? No dia que me virem fantasiado, com certeza estou na fase de euforia de distúrbio bipolar.

Gosto mesmo é de um forrozinho. Rela bucho com bucho, ou outras coisas com outras coisas. Não que não “role” no carnaval. Até mais do que no forró. Mas não há “clima”, ou melhor, o “clima” é prescindível.

Assisti muitos filmes românticos quando criança.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Call Center


Sábado passado, dei um ré involuntário e destruí o pára-choque do carro do vizinho. O fato me constrangeu. Porra, o carro parado na garagem! Quanto ao dano material, não tive preocupação; o seguro paga.  E paga integral. Não há franquia quanto a dano em carro de terceiro.
Como  contratei o seguro no Banco do Brasil, sem a intermediação de corretor, tive eu mesmo que efetuar a abertura do sinistro. Para que o seguro autorize o serviço no carro da vítima, há que se fazer o boletim de ocorrência e abrir sinistro em seu nome, comunicando-se o número do registro do sinistro do segurado. Tudo muito simples e rápido.
Mas envolve o Call Center. Aí, o problema. Não sei por que, mas não me dou bem com esse tipo de atendimento. Não sei se é a voz (geralmente, sotaque do interior paulista), ou se é a maneira de tratar: “disfarçatês (neologismo) de reverência”. O fato é que não me dou bem.
Certa vez tive embate com atendente da SKY.
__Pois não senhor?
__O sinal caiu, não estou conseguindo acessar os canais.
__O senhor já viu se o cabo da antena está conectado?
__Está.
__Está chovendo?
__Choveu um pouco, mas parou.
__Então o senhor tem que esperar um tempo e religar o aparelho.
__Mas o aparelho está ligado, o que falta é o sinal. Não há um procedimento que vocês adotam que faz um boot no sistema e o sinal volta? Já fiz isso outras vezes.
__Senhor. Como choveu, o senhor tem que esperar um pouco.
__Minha filha, já choveu outras vezes e não houve perda de sinal . . .
__Senhor, o procedimento é esse.
__Não é não minha filha. Já liguei outras vezes e procederam com o Boot.
__Senhor, não há por que fazer o boot. O senhor deve esperar.
__Minha filha, qual o problema em fazer o boot?
__Senhor!  O senhor tem que esperar.
__Esperar coisa nenhuma, pago um fortuna e não tenho o sinal.
__Senhor! O senhor deve esperar.
__Esperar porra nenhuma. E acabe com essa merda de me chamar de senhor. Senhor uma bosta!
__Senhor, vou desligar o telefone.
__Vá à puta que a pariu. Não desligue não, enfie no cu.
Não foi diferente com a comunicação do sinistro do vizinho. Pela manhã, uma atendente me informou que eu (segurado) poderia fazer  a comunicação em nome da vítima, desde que tivesse todos os documentos necessários. À tarde, já de posse dos documentos, liguei novamente.
__Queria fazer a comunicação de sinistro de terceiro.
__O Senhor é o terceiro?
__Não, sou o segurado, mas estou com todos os documentos necessários.
__O Senhor não pode fazer a comunicação em nome de terceiro.
__Mas uma colega sua afirmou hoje pela manhã que podia.
__O senhor não pode.
__Mas por que não pode?
__Somente ele é quem pode fazer.
__Mas se ele estivesse sem poder falar?
__O senhor, segurado, não pode fazer em nome dele?
__E a mulher dele pode?
__Pode.
__E um corretor, pode?
__Pode.
__Então, por que eu não posso?
__O senhor não pode.
__E se eu me passasse por ele?
__O senhor estaria mentindo . . .
__Há quantas atendentes aí?
__Vinte e nove.
__Tchau!
Com efeito, não me dou bem com Call Center. As (os)  atendentes não têm discernimento, e às vezes se afobam. Pior é quando descobrem que estão falando com alguém do nordeste.
É inegável, há grande discriminação do sul/sudeste com o resto do país. Imagino o inconveniente de aguentar um nordestino como Lula na presidência da república. Pior do que a aceitação de Obama nos EUA.
Não vejo motivo para isso entretanto. Tenho uma amiga que diz que se tem cu é a mesma coisa. Acredito que seja assim. Por que no que diz respeito (parafraseando Dilma) à cultura, à inteligência e outras “coisitas” do gênero, sou mais o nordeste.
Há uns vinte anos, fui à Curitiba participar de curso de formação de professor. Gente de todo país. Nunca dei uma aula em toda na minha vida. Sou até meio gago quando fico nervoso. De maneira que no dia anterior à prova, que era dar uma aula, tomei chopp à noite inteirinha. Falei mais do que locutor de jogo de futebol.
Tinha um gaúcho que se achava o tal. Ar de superioridade.  Nem sei se era de pelotas. Só sei que estragava paletó todos os dias. No dia da prova, sem mais nem menos, começou a chorar. Uma negação.
Descobriu-se que estava curtindo mágoas de uma “gaia” recente. E que inclusive tentara pular da janela do apartamento, propósito não alcançado ante o conselho da mulher: Ô Tchê, te coloquei um par de chifres e não um par de asas.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Lula e o Xixi.

Nem no Hotel o computador me larga. Viciado. Viciado também em celular. Voltei de Paratibe pra pegar o carregador. Meia hora de atraso. E pensar que há alguns anos sofria-se atrás de um orelhão. E por falar na geringonça, só o vejo, hoje, nos corredores de banheiro de Shopping.

E peguei três horas e meia de engarrafamento em Goiana. De maneira que tive de urinar no acostamento. Não obstante a qualidade do asfalto, faltou planejamento do Exército quanto a esse aspecto. Só penso numa emergência . . . Mas em compensação tem muita gente ganhando dinheiro vendendo água mineral e salgadinho.

Não sei por que falam de Lula. Acho que foi o melhor presidente do Brasil. A classe D com efeito deu um salto. Só isso já o qualifica.
Não o considero santo ou ingênuo; nem poderia sê-lo, sob pena de sucumbir ao ninho de cobras que é o planalto central. Mas é inelutável suas "diretivas", sobretudo as dirigidas ao nordeste, melhoraram a vida das classes menos favorecidas.