Sábado passado, dei um
ré involuntário e destruí o pára-choque do carro do vizinho. O fato me
constrangeu. Porra, o carro parado na garagem! Quanto ao dano material, não
tive preocupação; o seguro paga. E paga
integral. Não há franquia quanto a dano em carro de terceiro.
Como contratei o seguro no Banco do Brasil, sem a
intermediação de corretor, tive eu mesmo que efetuar a abertura do sinistro.
Para que o seguro autorize o serviço no carro da vítima, há que se fazer o
boletim de ocorrência e abrir sinistro em seu nome, comunicando-se o número do
registro do sinistro do segurado. Tudo muito simples e rápido.
Mas envolve o Call
Center. Aí, o problema. Não sei por que, mas não me dou bem com esse tipo de
atendimento. Não sei se é a voz (geralmente, sotaque do interior paulista), ou
se é a maneira de tratar: “disfarçatês (neologismo) de reverência”. O fato é
que não me dou bem.
Certa vez tive embate
com atendente da SKY.
__Pois não senhor?
__O sinal caiu, não
estou conseguindo acessar os canais.
__O senhor já viu se
o cabo da antena está conectado?
__Está.
__Está chovendo?
__Choveu um pouco,
mas parou.
__Então o senhor tem
que esperar um tempo e religar o aparelho.
__Mas o aparelho está
ligado, o que falta é o sinal. Não há um procedimento que vocês adotam que faz
um boot no sistema e o sinal volta? Já fiz isso outras vezes.
__Senhor. Como
choveu, o senhor tem que esperar um pouco.
__Minha filha, já
choveu outras vezes e não houve perda de sinal . . .
__Senhor, o
procedimento é esse.
__Não é não minha
filha. Já liguei outras vezes e procederam com o Boot.
__Senhor, não há por
que fazer o boot. O senhor deve esperar.
__Minha filha, qual o
problema em fazer o boot?
__Senhor! O senhor tem que esperar.
__Esperar coisa
nenhuma, pago um fortuna e não tenho o sinal.
__Senhor! O senhor
deve esperar.
__Esperar porra
nenhuma. E acabe com essa merda de me chamar de senhor. Senhor uma bosta!
__Senhor, vou
desligar o telefone.
__Vá à puta que a
pariu. Não desligue não, enfie no cu.
Não foi diferente com
a comunicação do sinistro do vizinho. Pela manhã, uma atendente me informou que
eu (segurado) poderia fazer a
comunicação em nome da vítima, desde que tivesse todos os documentos
necessários. À tarde, já de posse dos documentos, liguei novamente.
__Queria fazer a
comunicação de sinistro de terceiro.
__O Senhor é o
terceiro?
__Não, sou o
segurado, mas estou com todos os documentos necessários.
__O Senhor não pode
fazer a comunicação em nome de terceiro.
__Mas uma colega sua
afirmou hoje pela manhã que podia.
__O senhor não pode.
__Mas por que não
pode?
__Somente ele é quem
pode fazer.
__Mas se ele
estivesse sem poder falar?
__O senhor, segurado,
não pode fazer em nome dele?
__E a mulher dele
pode?
__Pode.
__E um corretor,
pode?
__Pode.
__Então, por que eu
não posso?
__O senhor não pode.
__E se eu me passasse
por ele?
__O senhor estaria
mentindo . . .
__Há quantas
atendentes aí?
__Vinte e nove.
__Tchau!
Com efeito, não me
dou bem com Call Center. As (os) atendentes não têm discernimento, e às vezes
se afobam. Pior é quando descobrem que estão falando com alguém do nordeste.
É inegável, há grande
discriminação do sul/sudeste com o resto do país. Imagino o inconveniente de aguentar
um nordestino como Lula na presidência da república. Pior do que a aceitação de
Obama nos EUA.
Não vejo motivo para
isso entretanto. Tenho uma amiga que diz que se tem cu é a mesma coisa.
Acredito que seja assim. Por que no que diz respeito (parafraseando Dilma) à
cultura, à inteligência e outras “coisitas” do gênero, sou mais o nordeste.
Há uns
vinte anos, fui à Curitiba participar de curso de formação de professor. Gente
de todo país. Nunca dei uma aula em toda na minha vida. Sou até meio gago
quando fico nervoso. De maneira que no dia anterior à prova, que era dar uma
aula, tomei chopp à noite inteirinha. Falei mais do que locutor de jogo de futebol.
Tinha um gaúcho que
se achava o tal. Ar de superioridade.
Nem sei se era de pelotas. Só sei que estragava paletó todos os dias. No
dia da prova, sem mais nem menos, começou a chorar. Uma negação.
Descobriu-se que
estava curtindo mágoas de uma “gaia” recente. E que inclusive tentara pular da
janela do apartamento, propósito não alcançado ante o conselho da mulher: Ô
Tchê, te coloquei um par de chifres e não um par de asas.
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