sexta-feira, 27 de julho de 2012

Andar a pé pelo Recife


Não pense que é fácil  andar a pé pelas ruas do Recife, pois que não é. Além da falta de passeios públicos, dos esgotos a céu aberto, da iluminação precária, da falta de segurança, existe um problema ainda maior: falta de respeito dos motoristas pelo pedestre.

Vou eu caminhado pela rua do futuro e deparo-me com uma das inúmeras “calçadas estacionamento”. Desvio pra pista ao mesmo tempo em que um motorista manobra um automóvel pra sair da calçada. O que ocorre? Ou corro pro meio da pista ou sou atropelado.

Vou eu passando na faixa de pedestre e o sinal abre para os automóveis. O que acontece? Corro ou sou atropelado, no mínimo por uma motocicleta.

Vou eu caminhando em frente a um Shopping ao mesmo tempo em que um automóvel vai saindo. O que ocorre? Ele toma a dianteira, inexoravelmente, forçando-me a esperá-lo sair. Dia desses uma gordinha fez isso comigo em frente a um mini Shopping que fica na Estrada do Encanamento. Nem olhar pra mim a bochechuda (disse bochechuda) olhou. Tava numa ânsia desenfreada de sair. Vade retro.

Mas falando em expressão latina, ocorreu-me a seguinte pra retratar a situação: REM facias, REM, si possis, rect, si non, quocumque modo REM (Horácio 65-8 a.C) – “Que a todo custo enriquecer procures, honrada ou torpemente”, na tradução de Giannetti, nosso filósofo da moda.

Numa alusão a Quentin Tarantino, poder-se-ia indagar o que tem a ver o cu com as calças. Mas se tudo tá ligado!? É a ânsia desenfreada do ter a todo custo que faz com que as pessoas ajam assim.

E não venha com essa conversinha de feicibuk de quem gostar compartilhe, pois que de boas intenções o inferno está cheio. Eu quero ver é na prática, na chincha. E o que mais se vê com efeito é ostentação. O sujeito se sente superior até por usar paletó.

Tergiversei, como diz José Teles na sua cansada coluna do Jornal do Comércio.

Mas é porque tudo se amalgama.

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