sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Crenças

Quanto de nossas crenças baseia-se em evidências? Qual a influência de nossos desejos em nossas crenças? Sinceramente, ante o futebol que o Brasil apresentou nas três primeiras partidas, não havia por que imaginar-se ganharíamos a copa. Mas a vontade era enorme. Sabe-se lá o que é mais de duzentos milhões de corações Brasileiros?

Sobretudo no que diz respeito a sentimentos levados ao extremo, verbi gratia religião, política, futebol , geralmente não se pensa com racionalidade. Vai-se pela emoção. Não se duvide, a quase totalidade dos torcedores tupiniquins ainda acreditava numa reação esplendorosa no segundo tempo do jogo contra a Alemanha.

A falta de racionalidade não opera apenas nessas áreas. Existe coisa mais irracional, ou fantasiosa, do que compromisso de casamento? Conta-se que Leibniz (Gottfried Wilhelm Leibniz), quando estava mais velho, disse a um correspondente que apenas uma vez pedira uma mulher em casamento, quando tinha cinquenta anos. “Felizmente”, acrescentou, “ela pediu um tempo para pensar.” E isso também me deu algum tempo para ponderar, e retirei minha oferta.”

Mas as igrejas permanecem cheias. Não obstante, é fato, o “de hoje em diante, para o melhor e o pior, na riqueza e na pobreza, na doença e na saúde, para amar e honrar, até que a morte separe” sempre se afigurou cláusula “rec sic stantibus”, decerto para corrigir falhas da intuição.

Netflix

Essa semana assinei o Netflix por pura insistência de Bia. Dezoito reais por mês. Como no prédio há internet banda larga e a minha tv da sala é “Smart”, a coisa deu certo.
Antes de ontem, assisti “O curioso caso de Benjamin Button”. Apesar de alguns vacilos, o filme é bom. Muito me impressionou a descrição dos fatos que levaram ao acidente da Dayse. Deu-me vontade danada de comprar o livro. Mas como o Kobo está cheio e eu estou no atraso, abaixei o facho.
O filme também me fez refletir sobre determinados assuntos que não são fáceis: destino, livre arbítrio e acaso. De certo, só prazo de validade. Pois é assim, tudo na vida, e a própria vida, tem início meio e fim. Há que se acostumar e conviver-se com isso; “God grant me the serenity to accept the things I cannot change”.
Hoje o treino foi de 27 Km, pra mim. George correu 30 km, pois que saiu da casa de seu pai, na CDU. O sol castigou, mas a frequência cardíaca permaneceu baixa, o que evidencia estou mais condicionado. Próximo dia 27, maratona do Rio de Janeiro. Espero fazer uma boa corrida. Estou pensando seriamente, e cogitei isso hoje com o mestre, efetuar parada estratégica no quilômetro trinta, para tomar água de coco e tirar algumas fotos. Esta será, se não me engano, minha quinta maratona na cidade maravilhosa. Já corri por lá também a meia maratona internacional do Rio, nos idos de 2006..
A maratona do Rio com efeito, como já disse alhures, é a melhor do Brasil, não só pelo percurso, que é belíssimo, mas também pelo incentivo que os cariocas dão aos corredores, o que não acontece em outras provas verbi gratia a Maratona de São Paulo.
Pra não perder o costume, segue link do percurso e algumas fotos:
https://www.endomondo.com/workouts/368017218/1682336?state=cG9zdF93b3Jrb3V0X3RvX3RpbWVsaW5lOmZhbHNl

Quem tem medo de chuva?

Quem tem medo de chuva? Tinha planejado correr apenas 10Km. Mas logo que saí da UFPE o tempo fechou. Em vez de parar, continuei; assolou-me sentimento pueril de brincar com a chuva. Pois não é assim? Pelo menos na minha infância foi. Aos primeiros sinais, danava-me pra rua e engendrava barragens no meio fio. Criança tem dessas coisas de querer construir. As cabanas eram obsessão.
E brinquei até perto da Abdias de Carvalho. E depois voltei, é claro. No total, 19 Km. Ainda comi 850 gramas na padaria da CDU. É que milho é pesado com sabugo e pamonha não é leve.
A indumentária ficou ensopada e o tênis, literalmente, podre. Mas a alma limpinha, limpinha.
As recentes descobertas da estrita correlação entre atividade física e longevidade me animam muito, pois que, malgrado já ter ultrapassado meio século de existência, longe estou de cair nos braços do ócio ou do embuste. Pois não é embuste vestir-se de superioridade?
Pode-se ser mais esperto, mais inteligente, mais forte etc e tal, mas no que diz respeito à “condição humana”, parece-me, e as evidências são muitas, é tudo igualzinho da silva. Gosto muito, não sei por quê, de reavivar o boquete que estagiária da “White House” fez no então homem mais poderoso do mundo, Bill Clinton. Ou o assédio do diretor do FMI à camareira de Hotel. Ou Hugh Grant que trocou os lábios “calientes” de Júlia Roberts pelos pentelhos de arame de Divine Brown.
De modo que não me diga que não brinca na chuva ou não anda de ônibus, pois vou pensar que está à beira da morte.
Segue link do percurso e algumas fotos (fazer o quê? rsrsrs) http://www.endomondo.com/workouts/362367674/1682336?state=cG9zdF93b3Jrb3V0X3RvX3RpbWVsaW5lOmZhbHNl

História pra domir

Toda noite conto uma história pra Bia dormir. Ela se acostumou. Já surgiu de tudo: bicho que fala, sujeito que viaja no tempo, vampiros, lobisomens, alienígenas . . . o escambau. Vez ou outra, ela adormece logo no início, mas eu não deixo por menos e vou até o fim. Sempre o bem vence o mal. Daqui a um tempo vou alertá-la de que não é bem assim, ou melhor, de que não é sempre assim.

Quando ela está muito acesa e eu com sono, uso de uma tática infalível: descrever as coisas em pormenor. Campos floridos, lagos de água clara, casas com alpendres, telhados pintados etc. É tiro e queda.

A história que ela mais gosta, desde os cinco anos, é a de uma vampira que namora um lobisomem. Putz, a mais tola de todas!

Hoje, corri novamente na ciclofaixa. Não havia tanta gente como nos finais de semana normais. É que o Recife viajou pra o interior, decerto para curtir as festas juninas. Encontrei pelo centro um "moi" de mexicanos bêbados. Tive vontade de alertá-los de que, aqui, cu de bêbado não tem dono. Não o fiz porque estava correndo.

Correr na ciclofaixa é muito interessante, pois que vai-se vendo pessoas de diversas “qualidades”. É o trem:

Trem de Ferro
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virgem Maria que foi isto maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
Oô..
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pato
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
Que vontade
De cantar!
Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficia
Ôo...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Ôo...
Vou mimbora voou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Ôo...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

O Marco Zero cada dia melhor. Na volta, lá pelas nove, o forró já comia no centro. Corri 32 KM. O sol castigou mas a frequência não subiu tanto. Depois que perdi alguns quilos, percebo que ela melhorou bastante, bem assim o estado geral pós corrida. Não fico cansado ao longo do dia.

Ano passado, antes da perda de peso, fiz uma série de exames e deu tudo “normal”. Mas não me fio muito nisso. Já disse alhures o motivo. Ora, alguns resultados são expressos em ng/dl, ou seja, 1bilionésimo de grama (1ng=0,000000001g) por decilitro, o que com efeito é quase nada. Basta o sujeito soltar um pum e a coisa se altera.

Segue o link do percurso e algumas fotos: http://www.endomondo.com/workouts/361310136/1682336?state=cG9zdF93b3Jrb3V0X3RvX3RpbWVsaW5lOmZhbHNl

O cartão

O cartão.

Mirei o horizonte em busca de nuvens arredias. O sol castigava, malgrado o aguaceiro da noite anterior. Avaliei a minha disposição, bem assim a "situação" do trânsito. Optei pela bike. O futuro, literalmente, pregar-me-ia uma peça. Logo após a AABB, derrapei no asfalto e visitei o chão.

Senti o tornozelo e sangrei por uma abertura de mais ou menos três centímetros. Aportei na farmácia mais próxima. Algodão, desinfetante e esparadrapo. Feitos os devidos reparos, tentei esquecer. Mas que fui alertado da possibilidade de tétano.

De maneira que depois do expediente danei-me pra vacine. -- Vacina antitetânica está em falta e se vire - o descaso é uma constante. Fugi pra o Posto de Saúde de Casa Amarela, onde também não satisfiz o meu desejo.

Cogitei o Albert Sabin, pertinho da Jaqueira. Exatamente às 17:40 hs, dei de cara com uma porta fechada e duas funcionárias doidas pra ir embora. Ainda pensei em fazer a proposta de levá-las (nesse momento estava com o possante), mas desisti, pois que poderia ser mal interpretado. O jeito foi aceitar os desígnios do acaso.

Hoje cedo, depois de deixar a rebenta no colégio, voltei ao Hospital. Às 7:30 hs estava sendo atendido. As mesmas enfermeiras. A má impressão do dia anterior esvaneceu. Tomei a DT-Adulto Difteria Tétano e Anti-Hepatite B. E ainda ganhei um CARTÃO de imunização (SUS).

Nem tudo está perdido.

Balzaquiana

A máxima “Cobra que não anda não engole sapo” se aplica a mim, mas de forma literal. Como serpenteio pelas ruas apertadas dessa nossa cidade que não resiste a breve chuva em dias de maré cheia, aceito quase que diariamente o batráquio. Ontem mesmo digeri um, a seco. Vinha eu na dobrável em rua lateral à praça em frente da Jaqueira, quando, resolutamente, um som de buzina teimava em tirar-me o sossego de ciclista. Ressabiado, olhei para um lado, para o outro, mas não encontrei escape, de modo que a única alternativa foi aumentar a velocidade. Não satisfeito, o som avolumou-se. Tratava-se de uma Balzaquiana. Comestível, mas muito impaciente.

Ninguém é tão importante.

Repito. Ninguém é tão importante quanto aparenta sê-lo. Ora, se Barack Obama, que é o homem que tem o controle do botão pra acionar uma terceira, e derradeira, guerra mundial, brigou em público com a esposa por conta de uma paquera que, diga-se de passagem, não se era de desprezar, o que dizer dos humanos comuns?

Tenho plena convicção, se se escavacar a vida dos que se acham superiores, ver-se-á decerto imperfeições ou "normalidades", quando não se descobrem frustrações que os levam a ficar assim.

De maneira que se você conseguiu chegar ao alto posto de síndico do prédio ou de governador do Estado, não leve para o cargo o fato de seu filho não gostar de mulher, ou de sua esposa estar apaixonada pelo motorista.