E foi assim. Semana passada, já prevendo a dureza que seria a maratona
do Rio, não fiz longão. Mas corri 15 Km no sábado, pedalei 40Km no
domingo, corri 10Km na terça, na quarta e na quinta, mas bem devagar. Na
quinta mesmo, à noite, comecei a sentir a parte posterior da coxa
esquerda. Pensei comigo: puta merda, a três dias da maratona . . .
Passei a sexta-feira, já no Rio, de coxal, mas mesmo assim
a perna não parava de doer. Aquilo foi-me botando medo. No sábado,
comecei a sentir também a perna direita. Passei o dia todo repousando.
Como só levei um coxal, danei-me pra o Rio Sul pra comprar um par. Não
tive sorte. Nenhuma loja de materiais esportivos, naquele shopping,
vende o acessório.
Decidi correr sem ele. No começo da prova, fui
pisando em ovos, com medo danado de quebrar. Já tive problemas com o
mesmo músculo, há uns dois anos. Quando o “bicho” trava não dá nem pra
andar.
Lá pelo km 20, já meio anestesiado, percebi que a dor não
mudaria de estágio. Aí fui pra o abraço e aumentei a velocidade; corri
os últimos 20Km num passo abaixo de 6 min por quilômetro. Cheguei dando
salto mortal . . .rsrsr Ainda andei 1,5 km até o Hotel, na chuva,
diga-se de passagem.
Com efeito, não sigo planilha, nem corro me
preparando pra nenhuma corrida. Corro porque gosto, porque me faz bem.
De maneira que não passa pela minha cabeça cobrança para dar certo em
virtude de treinos. Isso não. Mas se há de convir, comprei passagem,
reservei hotel, criei toda uma expectativa, não seria “justo” morrer na
praia. Eita, lembrei da conversa do justo e do certo. Pois que nem tudo
que é justo é certo, e geralmente o que é certo não é justo. Mas isso é
outra história. Tergiversei.
A corrida do Rio é especial. Nunca vi
tantas mulheres bonitas por metro quadrado em minha vida. Grupinhos de
duas, de três. Atarracadas. Rabos de cavalo a balançar de um lado pra
outro. Um encanto.
Mas que volto aos prolegômenos. Na primeira noite
no Hotel uma coisa me incomodou bastante. Uma “pingueira” em cima da
caixa do ar condicionado. As 23h da sexta, resolvi trocar de quarto. Não
consegui. Mudei no sábado.
Programei o despertador para as 4:30hs.
Não é que o meu LG “faiou” e eu, cansado da noite anterior, só me
acordei às 5:05hs! Levantei-me de “supapo’, coloquei os apetrechos, comi
duas bananas, uma fatia de pão integral, corri pra o restaurante, que
já estava aberto por conta dos corredores, tomei uma xícara de café e
danei-me pra o aterro. A organização da maratona disponibiliza ônibus
que saem do Flamengo até o Recreio dos Bandeirantes, local do começo da
prova. O último entretanto estava previsto pra sair às 5:40hs.
Na
pressa, esqueci da capa de chuva que adrede comprei no atacado dos
presentes. Quando senti o lombo molhar, pois que estava chovendo, corri
de volta pra o Hotel. Peguei a chave, corri pra o quarto, peguei a
capa. Danei-me pra o aterro, correndo. Já perto dos coletivos, percebi
que não estava com o cartão de embarque que vem com o kit. Retornei pra o
Hotel. Fui no restaurante, perguntei sobre o cartão, a copeira disse
que o tinha jogado no lixo. Pedi que o procurasse. Ela foi e o
encontrou.
Com o cartão na mão, perguntei a hora: 5:35 hs. Me fodi. O
jeito era pegar um táxi. E tinha? Chovendo, nenhum filho da puta queria
parar. Fui até o Largo do Machado. Nada. Até que encontrei um corredor
que estava esperando dois outros colegas e me ofereceu uma vaga no carro
em que iam. Alertou-me, entretanto, que devido à grande quantidade de
corredores, poderia ser que ainda estivesse saindo ônibus.
De maneira que corri feito louco e consegui pegar o último. O último. Cheguei quase na hora da largada.
O prazer que dá correr 42 Km numa cidade como o Rio vale tudo isso.
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