sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Medo de Avião!
Fujo de perigo como o Diabo foge da Cruz. Não me conte que pulou de “body jumping”, pois que não tenho interesse por isso. Prefiro cama macia, travesseiro com capa anti-ácaro e televisão de 47 polegadas. Posso até aventurar-me numa trilha, mas tudo muito bem planejado, cronometrado, com consequências previsíveis. Não engulo esse troço de adrenalina.
Prazer pelo inusitado nunca foi meu forte. Prefiro calçada. Se vou de bike pra o trabalho, o faço à conta do trânsito. E só. E não me venham com a conversa de que andar de carro é tão perigoso quanto, pois que não é, uma vez que se tem a proteção da lataria e do motor; de bike, nada se tem.
Há mais ou menos vinte anos, arrisquei viagem internacional; fui a Orlando, na Flórida, depois de muita insistência de colega que morava por lá. Só suportei o trenzinho que adentrava, com certa velocidade, em cavernas e espaços pouco convencionais. Montanha Russa Nem pensar.
Medo efetivamente não tenho, porém gostar de avião não gosto. Prefiro o solo. Estatísticas? Deixo-as para quem trabalha com elas; mas que não encontro justificativa, mormente nesse nosso país tropical de sextas-feiras etílicas, que me leve a acreditar, de forma incondicional, tudo corre a mil maravilhas.
Fico impressionado com a naturalidade de certas pessoas. Andam com desenvoltura de pista de dança (quando se sabe dançar, é claro). E se levantam, e vão ao banheiro, riem e acham normal centenas de toneladas trepidarem por entre nuvens.
O que mais gosto numa viagem é a perspectiva da volta. Antever o debruçar-se na janela e a vista, por entre prédios, de pontinha do mar. E tenho plena convicção, com Voltaire (Cândido): Não é preciso viajar para descobrir que o céu é azul.
E falando em Voltaire, lembrei-me do senhor Pangloss, que inspirou Machado de Assis (A explicação do Doutor Pangloss é que o nariz foi criado para uso dos óculos), que por sinal era mulato, filho de lavadeira e fundou a Academia Brasileira de Letras.
O Joaquim Barbosa, presidente do STF, que determinou a prisão dos mensaleiros, é negro e veio de família humilde. Não sei se é por isso que ele se empenhou tanto nesse caso, mas tenho cá desconfiança. Não defendo de jeito maneira impunidade, tampouco coaduno com argumentos que se fiam em comparações, mas que é inegável FHC e corja "a fortiori" mereciam estar atrás das grades também.
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