sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Catadoras de piolhos!

Quarta feira passada quebrei os óculos. Partiu bem no meio, na parte de metal. Nem acabei de pagar as lentes. Pirangagem. Aproveitei armação usada. Tem certas economias que não valem a pena. O problema é que não tenho armação reserva. Pirangagem também. De maneira que saí feito cego do trabalho, tateando pelas ruas Amélia e Futuro. Na estrada do encanamento, avisto de longe, com as luzes ainda acesas, a ótica Carol (já passava das 18:00 hs). Apertei o passo e consegui que a moça abrisse o estabelecimento. Expus a situação da falta de óculos reserva e coisa e tal. Aí ela veio com aquela conversa mole: Tá apressado? No que respondi: prá quê? se não estou vendo nada. Quis empurrar-me uma armação, outra e mais outra. Optei pela escuridão. Retornei à estrada do Encanamento, literalmente. Em casa, encontrei óculos só pra longe, de três anos atrás. Pelo menos, deu pra dirigir na quinta. Danei-me pra Manoel Borba. Na calçada, Roberto me atende: soldar a gente solda, mas sem garantia, porquanto o lugar que quebrou é muito delicado. Quinze reais. Daqui a meia hora está pronto. Esperei. Nesse curto intervalo presenciei umas dez pessoas com óculos quebrados. Solda, sempre quinze reais; outros reparos, dez reais, cinco e até três. Fiquei admirado. Do outro lado o “Foto Beleza”. Lembrei de foto que tirei num lambe-lambe, no centro da cidade. Acho que não existe mais esse tipo de profissional. Tampouco outros que fizeram história. Em frente ao antigo Cine Glória, um sujeito ficava sentado com sua faquinha à espera de área dura de pele, grossa e rígida, decorrente de repetidos contatos e pressões, conhecida como calo, que também designa aquele que não larga do seu pé. Nunca precisei do serviço, porquanto minha pele é fina e não tenho propensão para alimentar conversas à toa. Amolador de facas, datilógrafo (pessoas com menos de quinze anos não têm ideia do que se trata), reparador de panelas . . . coisas do passado. Tenho na sala televisão de 55 polegadas que nunca funcionou direito. É tão pesada que só se consegue levantá-la com o esforço de três homens. Ninguém conserta, e nem compra. Estou cogitando ir em brexó pra ver se a retiram de lá sem custo. Profissionais nessa área também são cada vez mais raros. Se bem que em Casa Amarela ainda persistem. Vez ou outra mando consertar ventilador em loja especializada, bem assim reparar os sapatos de Bia (colocar velcro) no sapateiro. Imaginar que existiam profissionais do choro. Ou seja, parentes do “de cujus" se poupavam da afobação pagando choradeiras. Mais pra trás, catadoras de piolhos que, em virtude do ofício, decerto também catavam o “Phthirus pubis”, também conhecido como chato.

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