A personagem de
Catherine Deneuve no “belle du jour”, de Luis Bunuels, intriga até hoje. A vulgaridade de prostituta a contrastar com
o porte elegante da belíssima loira gente boa, ma non troppo, com efeito é
instigante.
Contam que pedreiro,
sujeito bruto, ao ver a recusa de um freguês da bela à conta de uma mancha que
ela ostentava na perna, numa sessão domingueira do São Luís, gritou de pronto:
EXIGENTE!
Lembrei-me na hora de
caseiro que tive em Aldeia. Chegou puxando cachorra. Desprovido de tudo, com
exceção de fogão portátil e algumas roupas. Sim, e da mulher com o bucho pela
boca.
Sujeito magro,
desdentado e sarará. Mais ou menos da
minha idade. A companheira, adolescente de uns 19 anos, por aí. Tomou-a de
outro, ou seja, “gaia”.
Em pouco tempo,
inteirou-se dos afazeres da chácara. Esperto. Consertava vazamentos, sabia
pintar, arranhava a eletricidade. Mas era preguiçoso. Como ninguém é perfeito
todavia e sua mulher deu à luz uma filhinha, e eu não tinha filhos, e me
apeguei por demais àquela pessoinha que chegava ao mundo, não o demiti.
Depois de certo
tempo, tomou ares e resolveu comprar um carro. Ao intento, pediu-me R$ 2.000,00
emprestado (ganhava salário mínimo). Comprou um chevete, caindo aos pedaços.
Pense numa bronca.
Adquirido o possante,
o magro se endiabrou: comeu a sogra, uma das cunhadas e tava cortejando outra. Não
digo a primeira, que já ultrapassara a barreira dos cinqüenta e ademais afeita
a todo tipo de escapulida, mas não entendo como aquelas meninas saíam com
aquele calango.
Só parou a sanha
sexual quando apreenderam o veículo, por falta de habilitação do condutor.
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