No princípio era o
Caos. Depois, Urano casa-se com Gaia e geram Cronos e outros Titãs. Cronos mata
Urano cortando sua genitália que, ao cair no mar, gera Afrodite, a deusa do amor.
Amor e sexo sempre
andaram juntos, o que dá azo muita vez à preleção da grave máxima: amor que
fica é o amor de pica. Será? Verrugas à parte, o buraco é mais embaixo.
Depois de transferido
para conjunto habitacional ao lado do GOE (grupo de operações especiais), no
cordeiro, perdendo a belíssima vista do horizonte sobre o mar do Pina, pescador
declara, agora mais do que nunca, o seu amor pela esposa.
Ele, malgrado a
ausência dos dentes da frente, forma retilínea forjada na labuta diária sob sol
escaldante; ela, roliça. Sexo diariamente, na base de pão com manteiga. No
domingo, almoço com a sogra. Conversa à toa, riso fácil. A graça é
“peiticar”. Até com os amigos: vou levar
tua mulher pra pescar hoje, “gaiudo”!
Quebre-se o ambiente
e o “amor” acaba! Basta sorte grande em loteria.
E o sujeito ganhou na
megasena e ocultou o fato da esposa. Depois de vinte e cinco anos “comendo
rato” juntos, ele pediu separação. Ainda bem que a justiça reverteu o intento
maligno, fazendo-o dividir a bolada.
Noutro nível. Frida
Kahlo amou Diego Rivera a vida toda, apesar de ser “fruita” e de ele ter tido
seis filhos com sua irmã mais nova. Pelo sexo é que não foi.
Aos 52, tenho cá
desconfiança que essa coisa de amor não tem vida própria.