A caçada não é uma atividade exclusivamente humana, porque vários animais a praticam para garantir sua alimentação. O homem pré-histórico também a exerceu, e ainda hoje alguns povos primitivos continuam vivendo dela. O primeiro caçador de que se tem notícia foi Nemrod, que na expressão bíblica era robusto caçador diante de Deus e poderoso na terra, e é bem provável que caçasse o leão e outros animais com a lança, assim como os assírios faziam nos tempos primitivos. Os homens desse povo lendário também caçavam com arco e flecha, empregando cães e leopardos amestrados, e o faziam a pé, a cavalo ou em carros de duas rodas. Já os egípcios eram mais organizados e tinham esquematizado um sistema de caça onde empregavam cães e leões amestrados na busca e perseguição das presas, sendo as de maior tamanho mortas a flechadas pelo caçador que as seguia de carro.
Na Grécia e na Roma antiga a caçada desfrutou de grande prestígio, tanto que lhe atribuíam origem divina: as divindades Diana e Apolo se dedicaram a ela com afinco, da mesma forma como Hércules, Teseu, Meleagro e os demais heróis míticos, também foram grandes caçadores. Na Idade Média, os príncipes e nobres praticavam com grande entusiasmo o que consideravam como esporte de matar animais, usando nesse divertimento grande número de servos, batedores e cães. Mas por vontade dos soberanos ela era vetada aos religiosos, e em retribuição os bispos, também senhores feudais, proibiram-na a todos os seus súditos. Nos tempos modernos, a caça deixou de ser privilégio de uma determinada classe, podendo ser exercitada em todo o mundo, embora haja leis que a regulamentem e que visam sobretudo a proteção da fauna.
Como se percebe, o homem sempre teve no cão um companheiro confiável para exercer a atividade da caça, tendo conseguido, inclusive, adestrar algumas raças para a prática dessa tarefa. Como a dos perdigueiros, próprios para a caça a perdizes, mas com aptidão para quase todo tipo de caça; a dos paqueiros, que sabem caçar pacas; a dos veadeiros, treinados na caça aos veados; a dos onceiros, na de onças; e outras mais. Daí que a figura de um caçador desacompanhado do seu cachorro, que é quem localiza a presa buscada pelo dono, não é fácil de se ver, porque nesse caso ele estaria correndo o risco de andar, andar, andar, e não conseguir coisa nenhuma.
A expressão “estar no mato sem cachorro” é uma redundância dessa situação quase nunca vista, e significa que alguém em sérias dificuldades não tem muita chance de escapulir da “fria” em que se meteu.
FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
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