São de Mário Quintana, que não conseguiu ser um dos imortais da Academia Brasileira de Letras, casa que abriga Marco Maciel, Sarney, Paulo Coelho etc., essas pérolas:
Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão.
Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas...
Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.
Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não astava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu...
Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. (texto escrito pelo poeta para a revista Isto É de 14/11/1984)
Quem não compreende um olhar
tampouco compreenderá uma longa explicação.
Não importa saber se a gente acredita em Deus:
o importante é saber se Deus acredita na gente...
O despertador é um acidente de tráfego de sono..
O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.
Todos esses que aí estão
atravancando meu caminho,
eles passarão...
eu passarinho!
Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia.
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...
O tempo é a insônia da eternidade.
A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.
Bilhete
Se tu me amas,
ama-me baixinho.
Não o grites de cima
dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho,
amada,
que a vida é breve,
e o amor
mais breve ainda.
Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais:
o excesso de gente impede de ver as pessoas...
E Schopenhauer sapeca:
O valor que atribuímos à opinião dos outros, e nossa preocupação constante em relação a ela, ultrapassam, via de regra, quase toda a expectativa racional, de modo que tal preocupação pode ser considerada como um tipo de mania difundida universalmente, ou antes, inata. Em tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, quase sempre levamos em conta, antes de qualquer coisa, a opinião alheia e, após um exame apurado, iremos notar que essa preocupação surge quase a metade de todas as aflições e angústias que já sentimos; pois ela está no fundo de todo o nosso amor-próprio – com tanta frequência lesado, porque é tão doentiamente suscetível -, no fundo de todas as nossas vaidades e pretensões, assim como de nossa pompa e ostentação.
Atribuir demasiado valor à opinião alheia é uma representação errônea que predomina universalmente.
Será de grande contribuição para nossa felicidade se, com o tempo, conseguirmos finalmente compreender que cada um vive, anates de mais nada e efetivamente, em sua própria pele e não na opinão de outrem, e que, em conformidade com isso, nossa condição real e pessoal, tal como determinada pela saúde, pelo temperamento, pelas capacidades, pelos rendimentos, pela mulher, pelos filhos, pelos amigos, pela residência etc., é cem vezes mais importante para a nossa felicidade do que aquilo que aos outros agrada fazer de nós.
Corri 13,5 Km terça-feira passada, com George em Brennand. Corremos na quinta 15km, também em Brennand. Não houve longão nesse final de semana, decimos descansar. Seguem os gráficos:
Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão.
Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas...
Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.
Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não astava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu...
Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. (texto escrito pelo poeta para a revista Isto É de 14/11/1984)
Quem não compreende um olhar
tampouco compreenderá uma longa explicação.
Não importa saber se a gente acredita em Deus:
o importante é saber se Deus acredita na gente...
O despertador é um acidente de tráfego de sono..
O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.
Todos esses que aí estão
atravancando meu caminho,
eles passarão...
eu passarinho!
Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia.
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...
O tempo é a insônia da eternidade.
A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.
Bilhete
Se tu me amas,
ama-me baixinho.
Não o grites de cima
dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho,
amada,
que a vida é breve,
e o amor
mais breve ainda.
Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais:
o excesso de gente impede de ver as pessoas...
E Schopenhauer sapeca:
O valor que atribuímos à opinião dos outros, e nossa preocupação constante em relação a ela, ultrapassam, via de regra, quase toda a expectativa racional, de modo que tal preocupação pode ser considerada como um tipo de mania difundida universalmente, ou antes, inata. Em tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, quase sempre levamos em conta, antes de qualquer coisa, a opinião alheia e, após um exame apurado, iremos notar que essa preocupação surge quase a metade de todas as aflições e angústias que já sentimos; pois ela está no fundo de todo o nosso amor-próprio – com tanta frequência lesado, porque é tão doentiamente suscetível -, no fundo de todas as nossas vaidades e pretensões, assim como de nossa pompa e ostentação.
Atribuir demasiado valor à opinião alheia é uma representação errônea que predomina universalmente.
Será de grande contribuição para nossa felicidade se, com o tempo, conseguirmos finalmente compreender que cada um vive, anates de mais nada e efetivamente, em sua própria pele e não na opinão de outrem, e que, em conformidade com isso, nossa condição real e pessoal, tal como determinada pela saúde, pelo temperamento, pelas capacidades, pelos rendimentos, pela mulher, pelos filhos, pelos amigos, pela residência etc., é cem vezes mais importante para a nossa felicidade do que aquilo que aos outros agrada fazer de nós.
Corri 13,5 Km terça-feira passada, com George em Brennand. Corremos na quinta 15km, também em Brennand. Não houve longão nesse final de semana, decimos descansar. Seguem os gráficos:
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