Não vou só de bike.  Apetecem-me também os ônibus, sobretudo o que vem 
de um lugar depois de Nova Descoberta chamado Cassiterita, não obstante 
alcançar somente a  Rosa e Silva. É que o Córrego da Areia, apesar de 
passar na Agamenon, trafega pela Rui Barbosa, sempre engarrafada. Mas 
não me importo de pegar qualquer ônibus que passe perto da Jaqueira; se 
engarrafar, desço e vou a pé. O carro fica na garagem, guardadinho. 
 O Cassiterita é micro-ônibus, acho que sobra do transporte alternativo 
que dominava o Recife, no tempo de João Paulo.  Trafega pela rua do 
Futuro. Alguns têm ar condicionado. 
 Vez ou outra, o comum 
inusitado. Quarta-feira,  vários adolescentes, vindos de escola que não 
pude identificar pela farda, adentraram no coletivo. Uma mocinha de mais
 ou menos dezessete  anos e um rapazinho,  com pinta de donzelo __ o 
assunto não prescinde de estudo mais elaborado, em momento oportuno__,  
de mesma faixa etária,  sentaram-se ao lado de mim. 
 E a conversa 
rolou solta. Acho que se tratava de vestibular. Ele, calouro do curso de
 engenharia; ela, indecisa. De forma nítida, rolava um “clima”, uma 
paquera. Olhares, risinhos, tudo  como manda o figurino.  Em certo 
momento, ela, mais incisiva, perguntou: Qual o teu nome? Estamos 
conversando há bastante tempo e ainda não sei o teu nome?! Depois das 
devidas apresentações, o rapazola pediu parada e desceu, não deixou 
entretanto de escutar “amanhã a gente se fala na escola”.
 Achei 
muito legal. Lembrei-me na hora de minha saga no Forró do Náutico, no 
auge dos meus 18 anos, quando respondi que meu nome era Benedito e fui 
intimado a  deixar de brincadeira e a dizer o meu nome verdadeiro. 
 
Noutro dia, escutei na marra o “pastor’ RR Soares. O motorista colocou o
 rádio nas alturas. Porra, até no coletivo aquela conversa mole de ungir
 as coisas. Esses sujeitos são uns “cara de pau”, e o povão, malgrado 
tão esperto pra certas coisas, deixa-se iludir facilmente. Ungir um 
cacete! 
 Mas que volto à paquera.  Decerto não transpassou de forma 
significativa pelas cabeças daqueles estudantes, naquele momento de pura
 catarse, qualquer sentimento relevante sobre o futuro ou outra 
inconveniência. As palavras saíam, mas com significado adaptativo ao 
contexto.
 Esta é a graça da coisa. Gostar por gostar, sem cobranças,
 sem exigências, sem se pensar em mais nada, e sentir-se bem com isso.  
Tudo o mais se faz por contrato.
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