sábado, 10 de maio de 2014

Tudo o mais se faz por contrato!

Não vou só de bike. Apetecem-me também os ônibus, sobretudo o que vem de um lugar depois de Nova Descoberta chamado Cassiterita, não obstante alcançar somente a Rosa e Silva. É que o Córrego da Areia, apesar de passar na Agamenon, trafega pela Rui Barbosa, sempre engarrafada. Mas não me importo de pegar qualquer ônibus que passe perto da Jaqueira; se engarrafar, desço e vou a pé. O carro fica na garagem, guardadinho. 

O Cassiterita é micro-ônibus, acho que sobra do transporte alternativo que dominava o Recife, no tempo de João Paulo. Trafega pela rua do Futuro. Alguns têm ar condicionado. 


Vez ou outra, o comum inusitado. Quarta-feira, vários adolescentes, vindos de escola que não pude identificar pela farda, adentraram no coletivo. Uma mocinha de mais ou menos dezessete anos e um rapazinho, com pinta de donzelo __ o assunto não prescinde de estudo mais elaborado, em momento oportuno__, de mesma faixa etária, sentaram-se ao lado de mim. 


E a conversa rolou solta. Acho que se tratava de vestibular. Ele, calouro do curso de engenharia; ela, indecisa. De forma nítida, rolava um “clima”, uma paquera. Olhares, risinhos, tudo como manda o figurino. Em certo momento, ela, mais incisiva, perguntou: Qual o teu nome? Estamos conversando há bastante tempo e ainda não sei o teu nome?! Depois das devidas apresentações, o rapazola pediu parada e desceu, não deixou entretanto de escutar “amanhã a gente se fala na escola”.


Achei muito legal. Lembrei-me na hora de minha saga no Forró do Náutico, no auge dos meus 18 anos, quando respondi que meu nome era Benedito e fui intimado a deixar de brincadeira e a dizer o meu nome verdadeiro. 


Noutro dia, escutei na marra o “pastor’ RR Soares. O motorista colocou o rádio nas alturas. Porra, até no coletivo aquela conversa mole de ungir as coisas. Esses sujeitos são uns “cara de pau”, e o povão, malgrado tão esperto pra certas coisas, deixa-se iludir facilmente. Ungir um cacete! 


Mas que volto à paquera. Decerto não transpassou de forma significativa pelas cabeças daqueles estudantes, naquele momento de pura catarse, qualquer sentimento relevante sobre o futuro ou outra inconveniência. As palavras saíam, mas com significado adaptativo ao contexto.


Esta é a graça da coisa. Gostar por gostar, sem cobranças, sem exigências, sem se pensar em mais nada, e sentir-se bem com isso. Tudo o mais se faz por contrato.

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