sábado, 10 de maio de 2014

Preconceito

Há mais ou menos 23 anos, que, diga-se de passagem, não é pouco tempo, inventei de internar-me num SPA por conta de 64kg em 1.62 m de altura. Passei apenas três dias e murchei feito maracujá. Foi uma fome danada, comia-se apenas mato; não sei como aguentei. Depois de alguns dias os quilos voltaram - estavam com saudade, decerto -, e nunca mais me abandonaram.

Foi nesse mesmo SPA que conheci uma gordinha com quem convivi por mais ou menos um ano. Nunca me importei de ela ser gorda. Sexualmente falando, nada ficava a dever a nenhuma magrinha, muito pelo contrário; fica o alerta para os preconceituosos, geralmente aqueles que sempre comeram no mesmo prato. Tenho comigo o que incomoda com efeito é a opinião alheia, motivo por que se vive hoje em dia praticamente de aparência. 

Mas se vai mais além. Tem-se preconceito até com quem anda a pé ou de ônibus, ou não usa roupa de grife, ou não vive viajando, ou não é feliz. Porra, e tem que ser feliz? E que merda é ser feliz? É gastar milhões numa viagem pra ver museu? Ou gastar R$ 300,00 numa refeição com “amigos”, pra despejar tudo no ralo no dia seguinte!? 


Os atuais estudos sobre a “psicologia da felicidade” têm demonstrado que parte da condição de ser feliz é inata, uma predisposição genética que confere maior ou menor propensão para sentir emoções positivas, ou seja, um dom. A outra parte diz com os eventos cotidianos.


Pra mim, ser feliz (parte não inata) é acordar com disposição e correr 10 KM em Brennand, chegar em casa, encontrar minha filhota esbanjando saúde e levá-la ao colégio. Ser feliz pra mim também é sentar confortavelmente numa cadeira de papai e ler um conto no KOBO, e depois cochilar e pensar que vou continuar fazendo isso até os 90; não é numerus clausus.


Tergiversei.


Em memória de minha fase etílica, digo, de forma categórica, opinião alheia pra mim é como cerveja quente.

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