sábado, 10 de maio de 2014

Chuchu não tem gosto mas faz bem à saúde!

Meu negócio está de pé, tudo depende agora de sua posição. O nome do proponente Armando Botelho Pinto, vulgo Dr. Fuldêncio. Para o oblato, tudo leva a crer se trata de enrabação. Pois é assim, às vezes diz-se uma coisa e na recepção entende-se outra.

Nos filmes hollywoodianos tem muito disso. O Americano é craque em criar expectativa. Vai moendo. O sujeito declara o seu amor, no que é correspondido, mas as coisas vão-se complicando, complicando, pra tudo dar certo no final. Não me esqueço de “O Sexto Sentido”, em que a alma de “Bruce Willis” zombeteia o filme inteirinho como se matéria fosse.

Já o Brasileiro é imediatista. Se é pra ter sexo, tira-se logo a roupa, mostra-se meio metro de peito e vasta cabeleira sexual. Cláudia Ohana ficou famosa na particularidade. Na década de oitenta era o “must”. Por incrível que possa parecer, assisti a filme em que Eva Vilma desfila nuinha da silva. Bundinha chocha.

Mas os atores têm mania de dizer que tudo é de “forma técnica” e coisa e tal. Alegar tecnicidade em cena cujo ator se posta nu em cima de atriz também nua é o mesmo que afirmar chifre em cabeça de cavalo. A não ser que o sujeito não goste da fruta, tenha problemas circulatórios, ou seja casado de há muito com a parceira.

Chuchu não tem gosto, mas faz bem à saúde.

Tudo o mais se faz por contrato!

Não vou só de bike. Apetecem-me também os ônibus, sobretudo o que vem de um lugar depois de Nova Descoberta chamado Cassiterita, não obstante alcançar somente a Rosa e Silva. É que o Córrego da Areia, apesar de passar na Agamenon, trafega pela Rui Barbosa, sempre engarrafada. Mas não me importo de pegar qualquer ônibus que passe perto da Jaqueira; se engarrafar, desço e vou a pé. O carro fica na garagem, guardadinho. 

O Cassiterita é micro-ônibus, acho que sobra do transporte alternativo que dominava o Recife, no tempo de João Paulo. Trafega pela rua do Futuro. Alguns têm ar condicionado. 


Vez ou outra, o comum inusitado. Quarta-feira, vários adolescentes, vindos de escola que não pude identificar pela farda, adentraram no coletivo. Uma mocinha de mais ou menos dezessete anos e um rapazinho, com pinta de donzelo __ o assunto não prescinde de estudo mais elaborado, em momento oportuno__, de mesma faixa etária, sentaram-se ao lado de mim. 


E a conversa rolou solta. Acho que se tratava de vestibular. Ele, calouro do curso de engenharia; ela, indecisa. De forma nítida, rolava um “clima”, uma paquera. Olhares, risinhos, tudo como manda o figurino. Em certo momento, ela, mais incisiva, perguntou: Qual o teu nome? Estamos conversando há bastante tempo e ainda não sei o teu nome?! Depois das devidas apresentações, o rapazola pediu parada e desceu, não deixou entretanto de escutar “amanhã a gente se fala na escola”.


Achei muito legal. Lembrei-me na hora de minha saga no Forró do Náutico, no auge dos meus 18 anos, quando respondi que meu nome era Benedito e fui intimado a deixar de brincadeira e a dizer o meu nome verdadeiro. 


Noutro dia, escutei na marra o “pastor’ RR Soares. O motorista colocou o rádio nas alturas. Porra, até no coletivo aquela conversa mole de ungir as coisas. Esses sujeitos são uns “cara de pau”, e o povão, malgrado tão esperto pra certas coisas, deixa-se iludir facilmente. Ungir um cacete! 


Mas que volto à paquera. Decerto não transpassou de forma significativa pelas cabeças daqueles estudantes, naquele momento de pura catarse, qualquer sentimento relevante sobre o futuro ou outra inconveniência. As palavras saíam, mas com significado adaptativo ao contexto.


Esta é a graça da coisa. Gostar por gostar, sem cobranças, sem exigências, sem se pensar em mais nada, e sentir-se bem com isso. Tudo o mais se faz por contrato.

Preconceito

Há mais ou menos 23 anos, que, diga-se de passagem, não é pouco tempo, inventei de internar-me num SPA por conta de 64kg em 1.62 m de altura. Passei apenas três dias e murchei feito maracujá. Foi uma fome danada, comia-se apenas mato; não sei como aguentei. Depois de alguns dias os quilos voltaram - estavam com saudade, decerto -, e nunca mais me abandonaram.

Foi nesse mesmo SPA que conheci uma gordinha com quem convivi por mais ou menos um ano. Nunca me importei de ela ser gorda. Sexualmente falando, nada ficava a dever a nenhuma magrinha, muito pelo contrário; fica o alerta para os preconceituosos, geralmente aqueles que sempre comeram no mesmo prato. Tenho comigo o que incomoda com efeito é a opinião alheia, motivo por que se vive hoje em dia praticamente de aparência. 

Mas se vai mais além. Tem-se preconceito até com quem anda a pé ou de ônibus, ou não usa roupa de grife, ou não vive viajando, ou não é feliz. Porra, e tem que ser feliz? E que merda é ser feliz? É gastar milhões numa viagem pra ver museu? Ou gastar R$ 300,00 numa refeição com “amigos”, pra despejar tudo no ralo no dia seguinte!? 


Os atuais estudos sobre a “psicologia da felicidade” têm demonstrado que parte da condição de ser feliz é inata, uma predisposição genética que confere maior ou menor propensão para sentir emoções positivas, ou seja, um dom. A outra parte diz com os eventos cotidianos.


Pra mim, ser feliz (parte não inata) é acordar com disposição e correr 10 KM em Brennand, chegar em casa, encontrar minha filhota esbanjando saúde e levá-la ao colégio. Ser feliz pra mim também é sentar confortavelmente numa cadeira de papai e ler um conto no KOBO, e depois cochilar e pensar que vou continuar fazendo isso até os 90; não é numerus clausus.


Tergiversei.


Em memória de minha fase etílica, digo, de forma categórica, opinião alheia pra mim é como cerveja quente.