domingo, 2 de março de 2014
Misantropia
Misantropia. Não que tenha ojeriza in totum pela vida em sociedade, mas a cada dia afasto-me mais dela. É explicável. Deixei de beber. Deixei de fumar. Durmo cedo. E sobretudo lapidei os ouvidos. Tô na base do essencial e imprescindível. Quem me conhece de há muito estranha, pois que era do tipo que chegava primeiro e saía por último. Só decepção.
E o ser humano, pelo menos no meu mundo, não é flor que se cheire. De maneira que é mais prudente manter certa distância. Schopenhauer trata do assunto no dilema do porco-espinho. O dilema diz respeito à noção de que quanto mais próximos estão os porcos-espinhos, maior a probabilidade deles se ferirem mutuamente; mantendo-se distantes, irão sentir frio. Assim é na sociedade, onde o vazio e a monotonia fazem com que os homens se aproximem, mas seus defeitos, desagradáveis e repelentes, fazem com que se afastem. Difícil é achar a distância ideal.
É por isso decerto muitos casais têm optado por morar sob tetos distintos. Acho atitude muito acertada, até quanto ao sexo. Dia desses num restaurante ouvi mulher em mesa ao lado confidenciar a amigos que estava muito feliz por o marido ter construído banheiro só pra ela. Deve ter sofrido e sentido horrores por anos a fio.
Parece que a conclusão não decorre da premissa. Analisando a fundo todavia (sem trocadilho), percebe-se tem tudo a ver. Existe coisa mais desagradável ao amor, não obstante a normalidade fisiológica, do que o pum fora de hora?
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