domingo, 2 de março de 2014

Comenda

Não enxergo, hoje em dia, motivo decente pra comenda. Se o sujeito recebe pelo que faz, e, na maioria das vezes, muito bem, por que conceder-lhe distinção honorífica? Podem-me tachar de obtuso, de antissocial e coisa e tal, mas acho palhaçada, no estrito sentido do termo: ridículo medalhão que se ostenta em peito impregnado de soberba. Muita vez espertalhões que não soltam peido a favor do vento, malgrado terem construído sua “glória” em detrimento do fi-o-fó alheio. Não há negar, de há muito, e não só aqui, a vida em sociedade não prescinde dessa prática. Também não é de hoje que muitos a criticam. Leon Tolstoi retrata muito bem a situação em “A morte de Ivan illich”. Para quem não leu, a história trata-se da vida em sociedade do magistrado Ivan illich, e de seu calvário em face de dor repentina que o leva à morte. Pois que digo: prefiro a recompensa de casquinha mista, depois de longa fila de espera; kriptonita nossa de cada dia.

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