sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Déjà vu

Almoçando hoje com Bia, ela me falou que tava com sensação de Déjà vu. Fiquei embasbacado pois ela só tem sete anos e meio. Tinha que o seu substrato mental ainda não armazenara informações que pudessem ser percebidas como acontecendo de novo. A cada dia uma nova surpresa. Essas crianças de hoje não são como as de antigamente com certeza. A era da computação ampliou os horizontes; hoje é mais fácil de se aprender as coisas. Não que isso impeça ou modifique algumas particularidades que, acho, são inatas. A preguiça é uma dessas. Quem é preguiçoso é por natureza. Não me venham dizer que preguiça se aprende, pois tenho convicção inelutável de que não se aprende. Há dias em que ela não quer ir pra escola. Aí se apoia nos quase sempre infalíveis estratagemas: dor de cabeça, dor de barriga, dor na perna e por aí vai. Como estava meio aborrecido porque ela não estava fazendo os deveres de casa, o rol de doenças que me apresentou não foi suficiente ao meu convencimento de dispensá-la de ir pra escola quinta-feira passada. Mas depois de refletir bem e de mais uma dor de garganta que apareceu de forma repentina e proposital ao seu intento de passar a manhã na frente da televisão e ler um livro que baixei no Kobo exclusivamente pra ela, cedi. Mas cedi numa boa. Não me apoquento com essas coisas de ela não querer ir pra aula algumas vezes; às vezes até em dias seguidos. Vejo a “problemática” de soslaio, de bandinha. Quando era criança nunca ninguém me obrigou a ir pra escola ou a estudar. E muita vez faltava às aulas. Mas como era muito amostrado e queria estar sempre em evidência estudava “sponte propria”, particularidade que me acompanhou até muitos anos depois. Mas criança é criança e nada mais do que criança. Tem que brincar, assistir televisão, comer guloseimas e faltar às aulas de vez em quando, pois com efeito ouvir essas professoras primárias uma manhã inteirinha não é mole. E me lembrei, não sei por que, de metempsicose. Se a crença com efeito tiver algum valor, pode ser que estejamos maltratando alguns de nossos antepassados sem perceber. Mas tudo fica no campo das conjecturas. Pra mim não vale quase nada, ou melhor, nada mesmo, pois que acredito que quando se morre os tapurus comem até a alma. De maneira que, repiso, pra mim, se for pra fazer alguma coisa boa que se faça nessa vida e se for esperar alguma recompensa por isso que a espere vir de dentro de seu próprio eu, de sua consciência. E por falar em consciência lembrei-me de Antônio Damásio, grande neuro cientista português que vem inculcando, por meio de suas pesquisas, a estrita e necessária relação entre corpo e mente. Vem por tabela confirmar a grave e antiga máxima “mens sana in corpore sano”.

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