segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Israel!


Israel. Esse era o nome dele.

Nos idos de 1994, encantei-me por uma casinha de boneca em Enseada dos Corais. Por puro lance de sorte, e de muito insistir com a colega Bruna, consegui comprá-la.
Gostava muito da praia, principalmente da ponta do Xaréu.

Herdei o caseiro. Sujeito baixinho, cara de fuim, zambeta e com problemas nas glândulas sudoríparas; só suava por um dos sovacos.

Pense num sujeito metido! Era o resolve tudo a todo momento. Faltou energia, chama Israel; a telha quebrou, chama Israel; a porta emperrou, chama Israel . . . E ele se gabava: só não faço chover.

Vez ou outra, o via jogando futebol. Brabo. Todos do time tinham medo dele.

Era casado com uma mulher bem mais jovem. E até bonita. Deus no céu e Israel na terra.

Certo dia, a bomba quebrou. Israel tinha ido resolver um problema em Gaibu.  Fui no Cabo de Santo Agostinho e comprei uma nova, pelo que o dono do armazém mandou um funcionário fazer a instalação.

Apesar de inúmeras tentativas, a nova bomba não funcionava de forma adequada. A mulher de Israel à espreita. Dava muxoxo. Ia pra frente, ia pra trás. Impacientava-se. Determinada hora, ela olhou pra o instalador e disparou: deixa isso aí, quando Israel chegar ele ajeita . . .

Por uma estranha associação, lembrei-me dos versos de Elizabeth Browning:

AMA-ME POR AMOR DO AMOR SOMENTE.

"Ama-me por amor do amor somente.
Não digas: “Amo-a pelo seu olhar,
o seu sorriso, o modo de falar
honesto e brando. Amo-a porque se sente
minh’alma em comunhão constantemente
com a sua”. Por que pode mudar
isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
do tempo, ou para ti unicamente.
Nem me ames pelo pranto que a bondade
de tuas mãos enxuga, pois se em mim
secar, por teu conforto, esta vontade
de chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
me hás de querer por toda a eternidade."

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