Israel. Esse era o nome dele.
Nos idos de 1994, encantei-me por uma casinha
de boneca em Enseada dos Corais. Por puro lance de sorte, e de muito insistir
com a colega Bruna, consegui comprá-la.
Gostava muito da praia, principalmente da
ponta do Xaréu.
Herdei o caseiro. Sujeito baixinho, cara de
fuim, zambeta e com problemas nas glândulas sudoríparas; só suava por um dos sovacos.
Pense num sujeito metido! Era o resolve tudo a
todo momento. Faltou energia, chama Israel; a telha quebrou, chama Israel; a porta
emperrou, chama Israel . . . E ele se gabava: só não faço chover.
Vez ou outra, o via jogando futebol. Brabo.
Todos do time tinham medo dele.
Era casado com uma mulher bem mais jovem. E
até bonita. Deus no céu e Israel na terra.
Certo dia, a bomba quebrou. Israel tinha ido
resolver um problema em
Gaibu. Fui no Cabo de
Santo Agostinho e comprei uma nova, pelo que o dono do armazém mandou um
funcionário fazer a instalação.
Apesar de inúmeras tentativas, a nova bomba
não funcionava de forma adequada. A mulher de Israel à espreita. Dava muxoxo.
Ia pra frente, ia pra trás. Impacientava-se. Determinada hora, ela olhou pra o
instalador e disparou: deixa isso aí, quando Israel chegar ele ajeita . . .
Por uma estranha associação, lembrei-me dos
versos de Elizabeth Browning:
AMA-ME POR AMOR DO
AMOR SOMENTE.
"Ama-me por amor do amor somente.
Não digas: “Amo-a pelo seu olhar,
o seu sorriso, o modo de falar
honesto e brando. Amo-a porque se sente
minh’alma em comunhão constantemente
com a sua”. Por que pode mudar
isso tudo, em si
mesmo, ao perpassar"Ama-me por amor do amor somente.
Não digas: “Amo-a pelo seu olhar,
o seu sorriso, o modo de falar
honesto e brando. Amo-a porque se sente
minh’alma em comunhão constantemente
com a sua”. Por que pode mudar
do tempo, ou para ti unicamente.
Nem me ames pelo pranto que a bondade
de tuas mãos enxuga, pois se em mim
secar, por teu conforto, esta vontade
de chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
me hás de querer por toda a eternidade."
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