sexta-feira, 29 de junho de 2012

Argumento e falácia



A lógica preocupa-se com os argumentos. Um argumento consiste em mais do que um simples enunciado; consiste na conclusão e na evidência corroboradora.

Os argumentos, via de regra, são elaborados com o objetivo de convencer. A lógica formal (ou simplesmente lógica) não se interessa, no entanto, pelo poder de persuasão que os argumentos possam ter. Há argumentos logicamente incorretos que convencem, e há argumentos logicamente impecáveis que não têm nenhum poder de persuasão.

Grosso modo, um argumento é uma conclusão que mantém certas relações com a evidência corroboradora. Com um pouco mais de precisão, um argumento é uma coleção de enunciados que estão relacionados uns com os outros. Um argumento consiste assim num enunciado que é a conclusão e num ou mais enunciados de evidência corroboradora, que são chamados de premissas.

As premissas de um argumento devem, em tese, apresentar evidências que corroboram a conclusão. Apresentar a evidência nas premissas requer duas coisas: primeira, que as premissas sejam enunciados de fato; segunda, que os fatos apresentados sirvam de evidência para a conclusão.

Há, consequentemente, duas maneiras de conceber a possibilidade de as premissas não servirem para a apresentação da evidência. Pode ser que uma delas, várias, ou todas, seja falsa, ou pode ser que não esteja adequadamente relacionada com a conclusão. Assim, quando se apresenta um argumento, deve-se perscrutar a veracidade das premissas e se elas estão relacionadas com a conclusão que se quer justificar.

As premissas de um argumento logicamente correto sustentam a conclusão se a verdade das premissas for motivo bastante para asseverar a verdade da conclusão, independentemente de sua veracidade.

As premissas de um argumento logicamente incorreto podem dar a impressão de que sustentam a conclusão, embora na realidade isso não aconteça. Argumentos logicamente incorretos são chamados de falácias. É errôneo dizer-se que um argumento é falacioso apenas porque uma ou mais premissas sejam falsas.

Numa de suas célebres aventuras, Sherlock Holmes esbarra num velho chapéu de feltro. Embora não conheça o seu proprietário, Holmes conta a Watson muita coisa a seu respeito __ afirmando, entre outras coisas, que se trata de um intelectual. A afirmação, como foi feita, não dispõe de qualquer apoio. Holmes podia saber da existência de evidências, mas não as deu.

O Dr. Watson, como de hábito, não percebe o que se passa e pede, assim, que Holmes o esclareça. Em resposta, Holmes coloca o chapéu na cabeça. O chapéu resvala pela sua testa e apóia-se no seu nariz. É uma questão de volume, diz ele; um homem com uma cabeça tão grande assim deve ter algo dentro dela. A afirmação de que o proprietário do chapéu é um intelectual não está mais sem apoio. Holmes oferece a evidência e a sua asserção está, agora, devidamente apoiada.

Pode-se reconstruir o argumento de Holmes, da seguinte forma:
1.   Há um chapéu grande.
2.   Alguém é o proprietário deste chapéu.
3.   Proprietários de grandes chapéus têm grandes cabeças.
4.   Pessoas de grandes cabeças têm cérebros grandes.
5.   Pessoas de cérebros grandes são intelectuais.
6.   O proprietário deste chapéu é um intelectual.

Pode-se achar insatisfatória a passagem do tamanho do chapéu para a intelectualidade de seu proprietário, mas isso é um engano, pois que o argumento é legítimo __ não é falaz __mas contém uma premissa falsa, pois que nem todas as pessoas de cabeça grande são intelectuais (a lógica não se interessa pela questão de saber se as pessoas de cérebros grandes são intelectuais).

No exemplo a seguir, tanto as premissas como a conclusão são verdadeiras, mas o argumento é incorreto, pois que a conclusão não se sustenta nas premissas.

Premissas: Todos os mamíferos são mortais.
                  Todos os cães são mortais.
Conclusão: Todos os cães são mamíferos.

Poderíamos ler o argumento da seguinte forma: Uma vez que todos os mamíferos são mortais e todos os cães são mortais, eles também são mamíferos. Essa é a famosa falácia da afirmação do conseqüente. Outro exemplo: “Se o universo tivesse sido criado por um ser sobrenatural, haveria ordem e organização em todo lugar. E nós vemos ordem, e não esporadicidade; então é óbvio que o universo teve um criador.”

Os políticos sabem dessas coisas. Vejam o argumento. Todo homem honesto merece o voto do eleitor. Eu sou honesto, logo, mereço o seu voto. O argumento é válido, como se vê, mas a premissa maior não é verdadeira (o argumento poderia ser descrito da seguinte forma: Todo aquele que não rouba merece o voto do eleitor. Eu não roubei, logo, mereço o seu voto). A honestidade não é, por si só, motivo pra se votar em determinado político.

Outra. Todo prefeito que trabalha sério merece ter o mandato renovado. Eu trabalhei sério, logo, mereço ser reeleito. Trabalhar sério não é sinônimo de boa gestão. A renovação do mandato não se condiciona apenas a isso.

Agora veja a falácia da afirmação do conseqüente dita pelos políticos.  Uma boa gestão não prescinde de correta aplicação dos recursos públicos. Eu apliquei corretamente os recursos públicos, logo, fiz uma boa gestão e mereço ser reeleito.

Existem ainda as famosas falácias sexuais:

Toda mulher gostosa é bonita.
Ela é bonita, logo, ela é uma mulher gostosa.

Toda mulher gostosa é magra.
Ela é magra, logo, ela é gostosa. (Quem gosta de osso é coveiro).

Todo(a) atleta tem um bom desempenho sexual.
Ele(a) tem um bom desempenho sexual, logo, ele(a) é atleta.

Toda mulher gostosa é nova.
Ela é nova, logo, ela é gostosa. (Aqui, não obstante a falácia, tem-se uma verdade absoluta, inquestionável).

Toda mulher gostosa é nova.
Ela é uma mulher velha, logo, ela não é gostosa.

Toda mulher recatada é fria na cama.
Ela é fria na cama, logo, ela é uma mulher recatada. (Existe mulher assanhada que é mais fria do que bucho de jia, e mulher recatada mais quente do vulcão).

Fui.

sábado, 23 de junho de 2012

Nome e Sobrenome


Recentemente, perguntei à Bia por que ela chamava os coleguinhas pelo nome e sobrenome. Respondeu-me que não chamava todos assim, só os que tinham primeiro nome repetido (é prática comum no colégio dela). Com efeito, numa listinha que ela fez de aniversário havia nomes com sobrenomes e somente primeiros nomes.

Mas percebi que não é só por isso. Nota-se uma entonação diferente quando se diz o nome e sobrenome. Palavra tem poder. No momento certo, vou dizer a ela que as pessoas não valem pelo nome que têm, mas sim pelas ações que praticam. No momento certo.

Na minha infância, nem o primeiro nome se sabia. Todos tinham apelido. Baninho, de Urbano; Biu, de Severino; Tonho, de Antônio; Zezé, de Maria José. Às vezes, sem nenhuma correlação com o nome: Xaxá (eu mesmo), Dadá, Neném, Dé etc. Outra vezes, derivava de alguma particularidade física: Cabeção, Ovão, Pezão etc.

E era assim. Tenho alguns amigos de infância que até hoje não sei o nome.

Mas essa coisa de nome é complicada. Carrego o meu até hoje. Já passei por algumas por conta dele.

Certa vez, efetuaram uma apreensão no aeroporto e o dono da mercadoria, inconformado, quis falar com o inspetor (eu mesmo) de todo jeito. Depois de um chá de cadeira proposital de uns 40 minutos, ao entrar no gabinete o sujeito saiu-se com essa: pensei que fosse um negão . . .

Nos tempos áureos de Jorge de Altinho, no “forró do Náutico”, eu com calça boca sino, cavalo de aço nos pés, azzaro no cangote, chamei uma “menina” pra dançar (naquele tempo se chamava pra dançar agarradinho). No primeiro toque até o pensamento ficava em rigidez cadavérica (A metáfora é boa porque é original).

E pra iniciar a conversa: Qual o teu nome? Marina. E o teu? Benedito. Deixa de brincadeira, diz o teu nome verdadeiro . . .

Tive uma sogra que era metida a chique. Só metida. Tinha umas amizades esquisitas. Dentre elas uma mulher que sofria de uma doença que se peida constantemente. Um passo, um peido, um passo, um peido (lembra até café com pão bolacha não, café com pão bolacha não, vou danado pra catende). Mas a peidona era metida a “merda” (desculpem o trocadilho).

Final de semana. Casa de praia lotada. Eu mais por fora do que pensamento de preso. Só pelas beiradas. Esquivando-me o mais que podia. Mas não teve jeito. No domingo pela manhã, na hora do café, tive que agüentar a xaropada.

Em determinado momento, a peidona, com aquele ar de superioridade, olhou pra mim e indagou: qual o seu nome, meu filho? Olhei pra um lado, pra o outro, esperei alguns segundos e respondi: Williams.

E assim foi que me transformei no príncipe de Gales.

sábado, 9 de junho de 2012

Treino 21,6 Km dia 09062012

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Benedito Nunes <benediton@gmail.com>
Data: 9 de junho de 2012 10:41
Assunto: Treino 21,6 Km dia 09062012
Para: post@posterous.com


Treino 21,6 km 09.06.2012

sábado, 2 de junho de 2012