sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Recordações!

Gosto muito de Graciliano Ramos, sobretudo de Vidas Secas. Acho que à conta de os personagens, de certa forma, assemelharem-se a pessoas que conheci, quando criança. Filó, sua esposa, que não recordo o nome, e as filhas Irene e Zefa, além do cachorro Xaréu, em quase nada diferem da família do Fabiano, incluindo a cachorra Baleia.

Moravam numa casa de taipa, num “sítio” de meu Pai. Todo sábado, dia de feira na cidade, o Filó passava lá na farmácia, pra receber a “semana”. Às vezes, vinha com a família; outras, apenas com Xaréu.

Assim como Fabiano, Filó gostava de tomar umas “lapadas” e, muita vez, bêbado, caía na rua, com o fiel escudeiro ao lado. Acho que o sonho de sua mulher era ter uma cama de mola, também. Xaréu morreu atropelado.

Zefa casou com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vicência, em face do que meu pai ficou com um medo enorme de não ser acionado na Justiça do Trabalho. Não sei que fim levou a Irene.

Lembro muito de passeio em Caçuá (espécie de cesto, que se coloca no lombo de burro), quando ia ao sítio. Importante esse registro.

Tenho que Graciliano criou os personagens com base em recordações da infância.

Criar personagens, desenvolver diálogos, sem ter vivenciado situação parecida, com efeito, não é pra qualquer um. Refiro-me a Clarice Lispector, em a Hora da Estrela. O fato de ter morado em Maceió, e em Recife, o que, de certa forma, deu-lhe alguns subsídios, não foi, com certeza, o sustentáculo para a criação da obra. Fico abasbacado toda vez que leio o seguinte diálogo entre Macabéia e o namorado:

__ Olhe, Macabéia . . .
__ Olhe, o quê?
__ Não, meu Deus, não é “olhe” de ver, é “olhe” como quando se quer que uma pessoa escute! Está me escutando?
__Tudinho, tudinho!
__Tudinho o quê, meu Deus, pois se eu ainda não falei! Pois olhe vou lhe pagar um cafezinho no botequim. Quer?
__Pode ser pingado com leite?
__Pode, é mesmo preço, se for mais, o resto você paga.

Mas corredor que se preza tem que falar de corrida. Não é que venho sentido dores na curva do pé direito. Consultei uma Fisioterapeuta, aliás, muito competente, que descobriu que a pisada do referido pé é completamente irregular. De modo que ganhei (R$ 120.00) uma palmilha específica. Aconselhou-me também a fazer pilates. Vou tentar. Espero resolver o problema, pois que quero continuar correndo por mais 30 anos. É mole?

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