sábado, 22 de maio de 2010

Auto ajuda!

E o sujeito me eliminou de sua lista porque eu não respondia aos seus e-mails. Detesto mensagens de auto-ajuda! Todos os dias era um calhamaço: “viva o presente”, “não se estresse”, “o que importa é ser feliz”, “coma de maneira frugal”, e aí por diante.

E podem vomitar o que quiserem. O fato é que esse tipo de mensagem é um saco. Não me refiro, evidentemente, aos aforismos dos grandes filósofos, que têm a seu favor o argumento da autoridade.

Os remetentes, geralmente, são pessoas estressadas, que não têm controle, que tomam remédio para dormir, e isso é muito relevante: o meu termômetro “sócio-afetivo” tem como substrato esse detalhe.

Demais disso, são pessoas que na “prática” agem de maneira diferente da que propalam na teoria. Meditem sobre o assunto . . . Acho que esse besteirol é próprio da classe média, que, aliás, perpetra a maioria dos preconceitos.

E o escritor Mário Prata, decerto tomador de anti-depressivos, meteu o pau na Receita Federal, em entrevista concedida à Rádio CBN. No seu entender teria sido autuado indevidamente, pois que a omissão de rendimentos constatada seria de exclusiva responsabilidade de seu contador. É mole!? Neguinho sonega de forma contumaz e o culpado é o contador.

Acho interessante quando o sujeito diz que foi autuado injustamente. O argumento geralmente utilizado é de que os ricos não pagam impostos, o que, evidentemente, não justifica a sonegação. Aliás, a classe média __ enxergo muito isso nos petistas, como já disse alhures __ é campeã nesse tipo de atitude. Sobre o assunto, vale a pena conferir artigo publicado ontem no Diário de Pernambuco, do Publicitário Marcelo Alcoforado:

Ensaio sobre a corrupção

Como reclamar, se somos um povo que saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas, que estaciona nas calçadas, e muitas vezes sob placas proibitivas, que procura subornar quando comete infração, que troca voto por qualquer coisa, que fala ao celular enquanto dirige, que trafega pelo acostamento para fugir do trânsito congestionado, e que para em filas duplas e triplas?

Como reclamar, se violamos a lei do silêncio, se dirigimos após consumir bebida alcoólica, se furamos filas, se apresentamos atestados médicos de falsas doenças, se fazemos ligações clandestinas de luz, de água e até de televisão a cabo. Se registramos imóveis por valor abaixo do comprado, só para pagar menos impostos.

Insista-se: como reclamar, se somos um povo que compra recibos para abatimento no imposto de renda, que diz ter outra cor da pele para entrar na universidade através do sistema de cotas, que quando viaja a serviço pela empresa pede nota de R$ 20,00 após pagarum almoço de R$ 10,00, e que comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes?

Repita-se: como pode reclamar um povo que adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como pouco rodado, que compra produtos falsificados com plena consciência de que assim o são, que substitui o catalisador do carro por um só que tem a aparência, que diminui uma idade do filho para que este passe por baixo da catraca do ônibus sem pagar passagem, que emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA, que frequenta jogos de azar, que leva das empresas onde trabalha clipes, envelopes, canetas e lápis, e que comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha?

Como pode reclamar, um povo que ao voltar do exterior não diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem, e que ao encontrar algum objeto perdido raramente o devolve? Pois é. Pensando bem, não há como se escandalizar com a desonestidade dos políticos, com a orgia das passagens aéreas e dos cartões corporativos, com a empulhação dos governantes ou com a licenciosidade de um funcionário subalterno, em dia de jactância. Ele é só um elo insignificante da corrente de corrupção que subjuga a vida nacional. É só um arremedo da grande sem-vergonhice que assola o país. O que não o faz menos corrupto.

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