sexta-feira, 6 de março de 2009

Sociabilidade

Li em algum lugar que para se conquistar um amigo tem-se que fechar um olho; para mantê-lo, fechar os dois. A máxima não é de tão fácil aceitação, principalmente para os incautos adolescentes. Para mim, uma verdade absoluta.

Tal posição vai ao encontro, de certa forma, das idéias do filósofo Schopenhauer, que, em sua obra “Parerga e parapilomena”, verbera, de forma categórica, a ânsia desenfreada pela sociabilidade. Vejam o que ele diz:

“a sociabilidade de cada um está quase na proporção inversa do seu valor intelectual. Dizer ele é bastante insociável quase significa dizer ele é um homem de grandes qualidades

“a tranqüilidade espiritual, que, depois da saúde, constitui o elemento mais essencial de nossa felicidade, é ameaçada pela sociedade e, portanto, não pode subsistir sem uma dose significativa de solidão”

“a sociabilidade também pode ser considerada como um mútuo aquecimento intelectual dos homens, parecido ao produzido corporalmente quando, em ocasião de frio intenso, eles se juntam bem perto uns dos outros. Mas quem tem bastante calor intelectual em si não precisa de tal agrupamento”

Em apoio às suas idéias, o filósofo imaginou uma fábula bem interessante e reveladora:

“Num dia frio de inverno, uma vara de porcos-espinhos se une em grupo cerrado para se proteger mutuamente do congelamento com seu próprio calor. Mas logo sentiram seus espinhos, o que os afastou de novo uns dos outros. Porém, a necessidade de aquecimento novamente os aproximou e aquele incômodo se repetiu, de modo que eram atirados de um lado para outro, entre esses dois sofrimentos, até que encontraram uma meia distância, na qual puderam suportar-se da melhor maneira possível. Assim também, a necessidade da sociedade, nascida do vazio e da monotonia interior, impele os homens uns para os outros. Mas suas múltiplas qualidades repelentes e seus erros insuportáveis fazem com que se distanciem de novo. A distância média que finalmente encontram, e pela qual pode subsistir uma vida em comum, é a polidez e as boas maneiras. Na Inglaterra, àquele que não se mantém nessa distância, grita-se: Keep your distance. Por conta dela, a necessidade de aquecimento mútuo é apenas parcialmente satisfeita, mas, em compensação, a picada do espinho não é sentida. Quem, entretanto, tem bastante calor íntimo e próprio, permanece de bom grado afastado da sociedade, para não sofrer nem provocar danos.”

Mudando de assunto, corri hoje 15 Km, com George, e 13,5 Km, na terça-feira próxima passada, com Milton. Seguem os gráficos do Garmin e uma foto na chegada (eita fotozinha vagabunda, parece até que estou grávido!).



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