Resenha da Maratona
Maurício de Nassau 2012.
Há mais ou menos duas
semanas, estava me sentido muito bem. Baixei em 10 bpm, em média, a freqüência
cardíaca dos treinos. Mas Murphy não perdoa. Terça-feira passada senti a
panturrilha. A bendita panturrilha, de repetidos tratamentos
fisioterápicos.
Gelo. Calminex
animal. Repouso. Nada. Absolutamente
nada adiantou. A dor insistiu em tirar o
meu sossego. Corri 10Km no sábado. Lá estava ela. Pensei em desistir da
maratona. Mas não sou de morrer de véspera, feito peru.
Preparei o arsenal e
danei-me pro marco zero. Disse ao comparsa George: se a dor aumentar, paro em
qualquer ponto; se for suportável, faço a meia (21Km).
O azul do céu mais
azul do que nunca. Nenhuma nuvem arredia. Adrede comprara o Sundow Sport
(proteção de 5 horas). Melequei-me mais de uma vez. Cá comigo, pensei que seria
suficiente pra enfrentar o astro rei. Ledo engano. Tô feito tigre (alusão aos
tigres de Laurentino Gomes em 1808).
No quilômetro 15
senti uma fisgada. Pensei: estourou, rompeu . . . já sentira a sensação em corridas
anteriores. A dor ficou insuportável. Cogitei parar. Mas já que faltavam
apenas 6 Km pra 21, insisti.
Avistei de longe a
multidão vibrando no Marco Zero. Caminho
à esquerda, os que continuariam; à direita, os que parariam. O mestre George
dispara: E aí Benedito, dá pra continuar? Duas horas e 10 min até então.
Continuei.
Voltar pra Boa Viagem
com aquela dor e com o sol a queimar o lombo não foi fácil. Com efeito, foi a
maratona, dentre as 10 que já corri (3 São Paulo, 2 Rio, 1 Foz de Iguaçu, 1
Porto Alegre, 3 Recife), que mais me
exigiu o controle da mente . . .
E fui engolindo os
quilômetros. E o sol continuou queimando.
Queimando profundo. E a panturrilha doendo. Mas e eu sou de desistir? Não sou não.
Arrastei-me até a chegada, correndo acima de 7 min/Km, nos últimos 3 Km.
Cheguei com 4:30 hs (há três semanas correra 30 Km em 3 hs).
Estou só o bagaço.
Moído. Mas estou vivo. Renovado. De bem comigo mesmo . . .
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