sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Animais de Estimação.


Um bichinho da família chelidae, grupo dos quelônios, ordem testudinata, conhecido como cágado, veio engrossar a lista composta por dois guaiamuns __ que completaram um ano na varanda __ dois peixinhos, três gatos e duas vira-latas, que perfazem a coleção de animais de estimação de Bia.

Estou a pensar que, com esses aumentos inesperados, daqui a um tempo terei efetivo zoológico __ bem esquisito, diga-se de passagem. Mas não é fácil cuidar dos bichos. Cada um com suas particularidades.

Foi grande surpresa descobrir que o guaiamum vive por muito tempo (em torno de quatro anos) e que tem algo mais na cachola, além de bosta. Sempre o vi como “patas”, e só “patas” com cerveja.

Pois não é que os meus gecarcinídeos demonstram comportamento adaptativo ao ambiente humano: de dia ficam embaixo de uma caixa de papelão; à noite, passeiam, tomam banho, defecam na água e se sentem os maiorais. Um deles, o maior, já deixa que o peguem . . .

O carapaçudo é mais difícil de criar, pois é mais suscetível a doenças, principalmente a fungos. Sua alimentação tem que ser balanceada, sob pena de amolecimento do casco etc. Descobri que ele hiberna.

A adaptação com os caranga se deu em dois dias. Cogitei a possibilidade de as patolas degolarem o pescoço de cobra do chelidae, o que efetivamente não aconteceu. Dormem todos juntinhos . . .

Os peixinhos (dois), há mais de um ano no aquário, quase saem da água na hora da ração, e já se deixam pegar, com certa facilidade, quando da troca da água.

Mas deixo de lado esses animais de “difícil” interação e passo àqueles que, parece-me, são os melhores amigos do homem.  

Aprendi a gostar de cachorros. Comecei a criá-los na década de 1990. Chequei a ter oito adultos. Todos da raça Boxer, com exceção de uma vira, que conto a estória logo mais. Gostava daquela cara feia a contrastar com a doçura peculiar da raça.

Os nomes tentavam refletir a personalidade: Lion, de rei leão; Xuxa, a albina; Madona, a marrom (a mais safada), e Davanira (davanira é ela, tira a sua roupa da janela!), a vira, que com efeito merecia um nome mais imponente, à altura de sua inteligência.

Assim como gente, cachorro tem personalidade. Lion, Xuxa e Madona eram irmãos. Foram comprados ainda mamando. Logo nos primeiros meses se via a enorme diferença de comportamento: Xuxa mais arredia; Madona mais manhosa, mais carente; Lion, o senhor do pedaço, amigão de todas as horas, impreterivelmente.

A Davanira foi encontrada na rua. Vira-lata vagabunda, sempre foi escanteada pelos de raça; mas nunca pelo seu dono. Divertia-me com as palhaçadas dela. Chupava chupeta e assistia televisão. Lembro de sua primeira gravidez. Eu fiz o parto, porque ela ficou desnorteada. Em nenhum momento teve receio ou me estranhou. 

Pois bem. À conta de os Boxers não gostarem dela e de eu não morar em Aldeia, ela se apegou ao caseiro, e com efeito passou a fazer parte de sua família. Quando este se aposentou, dei Davanira pra ele, a contragosto entretanto.

Passou-se um ano. Perdi Lion pra uma neoplasia. Xuxa, não sei como, caiu na piscina e morreu afogada. Madona teve problemas no parto e ficou meio adoentada. Soube que o caseiro tinha morrido e que Davanira tava couro e osso. Mandei buscá-la. Paguei R$100,00 reais a um sujeito pra encontrá-la e levá-la na Chácara.

A sua chegada foi medonha. Nem mais andar direito ela andava. O pelo tinha caído em virtude de uma sarna. Apesar disso, quando me viu deitou-se e rolou, como fazia quando era novinha, e urinou-se. Aquilo me partiu o coração . . .

Fiz o seu tratamento. Em pouco tempo, tava boa de novo. Morreu velhinha . . .

Senti muito a perda dos boxers. Principalmente dos primeiros. Mas a vida é assim. Nada é pra sempre . . .

Hoje, a pretinha e pirilampa (nome dado pelo caseiro). Esta última foi sobra de Milton, comparsa nas corridas, que se mudou de uma casa para um apartamento . . . Pretinha não; fui adrede buscá-la na “Brasilit”.

Mas não estou tão apegado. Acho que é mecanismo de defesa à dor da perda.

Os gatos. AH! Os gatos são outra história. Peguei-os em frente à chácara. Deixaram de propósito. Num primeiro momento, pensei tratar-se de três gatas. Só se descobriu que eram dois gatos e uma gata quando os mandei ao veterinário . . . De modo que os nomes femininos ficaram meio esquisitos . . .Mas nem tanto, pois os machos foram capados. Fazer o quê? Ou era isso ou era perdê-los pra uma “gata”.

E falando em gata, a adequação do nome do bicho para a mulher não se funda apenas no componente visual. Tem que haver manha, malícia, mistério. Pois assim é a gata bicho. Diferentemente da cadela que, incondicionalmente, vulgarmente, rasteiramente, revela o seu apego __ ipso facto uma cadela __  a gata espera que a procurem, faz charme, levanta o rabo, roça-se sorrateiramente em sua perna . . . E nem pense em aprisioná-la . . .

Nenhum comentário: