terça-feira, 16 de novembro de 2010

Maratona do Recife

Ontem corri a primeira maratona do Recife. Minha terceira maratona no ano. Não tenho do que me queixar: não obstante o sol, o pouco “volume” de treinamento e a falta de água na metade do percurso, concluí em 4.23hs; fui o oitavo, de um total de 20, por faixa etária (50 a 54 anos), e o 91º de 174 inscritos. Pra mim, tá bom. Mais rápido pra quê?
Até o final do ano, não corro mais maratona. Fica para o próximo . . .
E falando em sol, em maratona e em satisfação, lembrei-me  “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. De Fabiano:

Cumprida a obrigação, Fabiano levantou-se com a consciência tranqüila e marchou para casa. Chegou-se à beira do Rio. A areia fofa cansava-o, mas ali, na lama seca, as alpercatas dele faziam chape-chape, os badalos dos chocalhos que lhe pesavam no ombro, pendurados em correias, batiam surdos. A cabeça inclinada, o espinhaço curvo, agitava os braços para a direita e para a esquerda. Esses movimentos eram inúteis, mas o vaqueiro, o avô e outros antepassados mais antigos haviam-se acostumado a percorrer veredas, afastando o mato com as mãos. E os filhos já começavam a reproduzir o gesto hereditário.
Chape-chape. Os três pares de alpercatas batiam na lama rachada, seca e branca por cima, preta e mole por baixo. A lama do rio, calcada pelas alpercatas, balançava.
A cachorra Baleia corria na frente, o focinho arregaçado, procurando na catinga a novilha raposa.
Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos __ e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera.
Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aio um pedaço de fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar regalado.
__Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.

A sensação de completar uma maratona é indescritível.

Estou no aguardo das fotos. Anexo entretanto o gráfico do garmin.

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