quinta-feira, 16 de abril de 2009

Filé montmartre

Corri 27 Km, sábado passado. Hoje, corri 15 Km. George também correu.

Depois do “longão” do sábado, fui almoçar no Shopping Plaza. Escolhi o Bonaparte. O cardápio foi-me oferecido com desdém. Escolhi pela foto: quero esse aqui, filé “montmartre”. Indagou-se: e os acompanhamentos? O senhor tem direito a três. Quero esse macarrão fininho da foto, batata frita e molho de espinafre.

O senhor quis dizer “fettuccine” ? Não, escolhi o macarraozinho da foto. Estranhou-se.

Brasileiro tem mania de “internacionalizar” os nomes dos pratos e das comidas. É fettuccine, bruschetta (eu disse bruschetta), panettone, strogonoff etc. É chique, acho até que a comida fica mais gostosa!

Logo comigo, acostumado a comer sarapatel com inhame em banco de feira do interior. Não cola.

E a madame puxou a orelha da doméstica porque ela subiu pelo elevador social. É coisa da descendência holandesa, que afeta a maioria do “high society” recifence.

E Graciliano Ramos sapeca em vidas secas: Agachou-se, atiçou o fogo, apanhou uma brasa com a colher, acendeu o cachimbo, pôs-se a chupar o canudo de taquari cheio de sarro. Jogou longe uma cusparada, que passou por cima da janela e foi cair no terreiro. Preparou-se para cuspir novamente. Por uma extravagante associação, relacionou esse ato com a lembrança da cama (. . .) Isto lhe sugeriu duas imagens quase simultâneas, que se confundiram e neutralizaram: panelas e bebedouros. Encostou o fura-bolos à testa, indecisa. Em que estava pensando? Olhou o chão, concentrada, procurando recordar-se, viu os pés chatos, largos, os dedos separados. De repente as duas idéias voltaram: o bebedouro secava, a panela não tinha sido temperada.

Pela mesma associação extravagante de sinhá Vitória, lembrei-me de uma façanha.
Logo após concluir o curso de engenharia, fui trabalhar em Salgueiro-PE. Depois de um cansativo dia de trabalho, fui tomar um “caldo de mocotó” numa barraca de feira. A higiene não era lá essa coisa, mas a fome era enorme.
O caldo fumegante; iniciei a saciação. De repente, um besouro maligno frecherou no prato. Instintivamente, joguei-o longe e continuei a sorvedura. Uma delícia!

Conversa puxa conversa. Lembrei-me de lingüiça. Da piada da lingüiça.
Contam que um bem sucedido fabricante de lingüiça vivia às turras com o filho adolescente. O sujeito não queria nada com a vida.

Certo dia, o empresário teve a idéia de levar o preguiçoso para inteirar-se do funcionamento da fábrica:

__ Filho, tá vendo isso aqui? Tira o couro do animal. E isso aqui? Tira os ossos. Já essa máquina, essa máquina é uma maravilha: pode-se dizer, coloca-se o animal de um lado, do outro sai a salsicha.

O filho abasbacado. O pai empolgou-se: __ vou te confidenciar filho, às vezes a salsicha é de jumento.

O adolescente não se conteve: __ Paié, se se coloca o jumento de uma lado da máquina e sai salsicha do outro, será que se colocarmos a salsicha deste lado sairá jumento pelo outro?

De chofre, cuspiu-se a resposta: __ o único lugar em que coloquei uma salsicha e saiu um jumento foi na tua mãe.

Mudando de assunto, publico os gráficos das corridas.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Mole!

E o sujeito abufelou-se: essa gordinha hoje não me escapa. Duas horas e meia na boate. A magrinha com o amigo. Conversa aos montes. Sabes que sou metedor? Assustou. Transo até cinco horas seguidas. Esquimó. Uísque rolando. Cigarro.
Mulher pra agüentar a mim tem que ter peito. Silêncio.

Jardim de Alá. Motel ao ar livre. Dificuldade. Penetração.
Já acabou? Já. Mas acabou de entrar. Decepção.

Conversa mole . . .

terça-feira, 7 de abril de 2009

Corridas Brennand!

E continuo gotejando, nessa missão mesopotâmica rumo às maratonas. Seguem os gráficos dos dias 31/03, 02/04 e 04/04. George me acompanha na empreitada.





Bertrand Russel

Estou lendo “Ensaios Céticos” de Bertrand Russel. Vejam a biografia (resumidíssima) do grande filósofo e matemático.

De família aristocrática, Bertrand Russell cedo perdeu seus pais. Foi criado pelo avô, Lord John Russell e, com a morte deste, pela avó, Lady Russell. Educado em casa, por tutores, Bertrand Russell ingressou em 1890 na universidade de Cambridge, para estudar filosofia e lógica.

Em 1894 casou-se com Alys Pearsall Smith, uma americana seguidora da seita quacre, de quem viria a se separar em 1911. Dedicando-se ao estudo da lógica e da matemática, Russel passou a publicar seus ensaios em revistas especializadas. Em 1901 descobriu o famoso "paradoxo de Russell", com grande repercussão no campo da lógica.

Em 1908, tornou-se membro do "Trinity College", em Cambridge. Dois anos depois publicou o primeiro volume de sua obra "Principia Matemática", que se tornou célbre. Bertrand Russell ganhou reputação como um dos maiores lógicos do século 20 e um dos fundadores da filosofia analítica.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Russell dedicou-se ao ativismo político. Em conseqüência de seus protestos contra a guerra, foi expulso, em 1916, do Trinity College. Dois anos depois, foi condenado a cinco meses de prisão, onde escreveu "Introdução à Filosofia Matemática".

Em 1920 Russell viajou para a Rússia e a seguir foi para Pequim, onde viveu durante um ano como professor de filosofia. No ano seguinte casou-se com Dora Black, com quem teve dois filhos. Nessa época ganhou a vida escrevendo livros populares de ética, física e filosofia. Seus escritos para o grande público despertaram grande interesse.

Em 1927 fundou a escola experimental "Beacon Hill", junto com sua esposa. Com a morte de seu irmão, em 1931, Bertrand Russell tornou-se o terceiro Conde Russell, título que pouco usou. Tendo-se divorciado de Dora em 1935, casou-se no ano seguinte com uma estudante da Universidade de Oxford chamada Patrícia Spence, com quem teve um filho.

Mudou-se para os Estados Unidos em 1939, para lecionar na Universidade da Califórnia. Logo em seguida foi convidado a atuar como professor no City College de Nova York. Sua nomeação, no entanto, acabou sendo anulada, sob a alegação de improbidade moral, por suas opiniões radicais.

Em 1944 Russell retornou à Inglaterra, integrando novamente os quadros do Trinity College. No ano seguinte publicou sua extensa "História da Filosofia Ocidental". Cinco anos mais tarde, foi agraciado com a Ordem do Mérito e, em 1950, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura.

Em 1952 casou-se com Edith Finch, a quem conhecia desde 1925. Sua participação política tornou-se cada vez maior. Em 1958, iniciou uma campanha pelo desarmamento nuclear e, em 1962, atuou como mediador na crise dos mísseis, em Cuba, impedindo a deflagração de um conflito atômico. Com Albert Einstein e outros cientistas organizou o movimento "Pugwash", contra a proliferação de armas nucleares.

No final dos anos 1960 escreveu sua autobiografia, em três volumes. Morreu lúcido, aos 98 anos, na Gália, onde suas cinzas foram dispersas.

Transcrevo algumas de suas máximas:

Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade.

O tempo que você gosta de perder não é tempo perdido.

Temer o amor é temer a vida e os que temem a vida já estão meio mortos.

Uma vida feliz deve ser em grande parte uma vida tranquila, pois só numa atmosfera calma pode existir o verdadeiro prazer.

Aquilo que os homens de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza.

Na vida nunca se deveria cometer duas vezes o mesmo erro. Há bastante por onde escolher.

Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no fato de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.

Se a todos fosse dado o poder mágico de ler nos pensamentos dos outros, suponho que o primeiro resultado seria o desaparecimento de toda a amizade.

Poucas pessoas conseguem ser felizes, a menos que odeiem alguém.

A vida é demasiado curta para nos permitir interessar-nos por todas as coisas, mas é bom que nos interessemos por tantas quantas forem necessárias para preencher os nossos dias.

Quanto mais o homem procura apenas que o admirem, mais longe está de conseguir o seu objetivo.

A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência coloca-se na rectaguarda para ver.

Mesmo quando todos os especialistas estão de acordo podem muito bem estar enganados.

O problema com o mundo é que os estúpidos são excessivamente confiantes, e os inteligentes são cheios de dúvidas.