domingo, 30 de abril de 2017

Esperteza

Enquanto eu cochilava, ela jogava no Ipad e assistia ao “cadê a chave” no Iphone. Neguei-lhe o android. Seria demais, pois que a TV ainda compunha o quadro. Escorreguei momentaneamente dos braços de Erebus: Você sabe quem foi Pedro II? Um, dois, três, nenhum dos entrevistados sabia. Custei a acreditar. Dom Pedro II, e ninguém sabia!? O olhar envergou. Foi ao encontro de um começo de riso. Não acredito que você não saiba? Sei não. Se fosse Ariana Grande, Katy Parry, Nicki Minaj, até os detalhes mais íntimos. Pois tenho certeza que estudei com ela a queda da monarquia do nosso país varonil. Nem me aventurei a perguntar sobre Deodoro da Fonseca. E olhe que desde nova (está agora com 11 anos e meio) já lia bastante. Essas coisas da escola só merecem atenção em dia anterior a exame. Memória estratificada. Há algum tempo, faziam-se pegadinhas como esta: bral, bral, bral, quem descobriu a américa? O fedelho na hora estribuchava: Pedro Álvares Cabral. Hoje, se se perguntar lombo, lombo, lombo, quem descobriu a américa? decerto muitos responderão Pedro Álvares Cabral. Outros, Francisco Yanez Pinzon. Algumas almas penadas (os mais radicais), os Vikings. Agora não há mais espaço pra “pegadinhas”. Dia desses, uma piada: Papai, você conhece a piada do fotógrafo? Não. Nem eu; ela ainda não foi revelada. Espero, sinceramente, que a esperteza sirva pra derivadas e integrais. E hoje vou de Schopenhauer: Guardemo-nos de erguer a felicidade da nossa vida sobre um amplo fundamento, exigindo muito dessa felicidade: pois, estando apoiada sobre tal base, ela desaba mais facilmente, já que oferece muito mais oportunidades para acidentes, que não tardam a faltar. Portanto, a esse respeito, ocorre com o edifício de nossa felicidade o oposto do que ocorre com todos os demais, que se apoiam mais firmemente sobre um amplo fundamento. Reduzir ao máximo as expectativas em relação aos nossos meios, sejam eles quais forem, é, pois, o caminho mais seguro para escaparmos de uma grande infelicidade.

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