Resenha da Maratona Maurício de Nassau 2011.
E George me deu o ultimato: se você não escrever alguma coisa no sobretudocorrida eu deixo de acessá-lo. Cedi. Resolvi contar a Maratona do Recife.
Antes de tudo, os prolegômenos. Correr 42 Km, modéstia à parte, não é pra qualquer um. Tem que haver condicionamento físico. O que não prescinde de treinamento regular e consistente, boa alimentação, descanso etc. É consabido.
Mais tem outra coisa, fundamental, determinante: ESTRATÉGIA. É esse o termo: es-tra-té-gia. Pode-se até correr sem ela e sair-se bem, mas é “roleta russa”. Melhor caminho é ter um plano mental de como se comportar ao longo do percurso.
Os treinos dão a medida exata do comportamento a ser seguido. Por meio deles, conclui-se o passo. Não pense que é fácil. Não é.
Corro há sete anos. Musculação duas vezes por semana. Pilates duas. Nada de bebidas ou noites de farra. Isso não mais me pertence.
Utilizo GPS e frequencimetro há bastante tempo, de maneira que sei, de forma pontual, a velocidade, a distância e os batimentos cardíacos. Entendo os batimentos cardíacos como suporte para qualquer estratégia, mormente para os “atletas” não profissionais. Quando se corre com freqüência baixa, o cansaço demora a chegar. É fato.
Mas vamos à Maratona.
Pensei em correr apenas 21 Km. Mas fiz inscrição nos 42. Não sou de fugir da raia. E parti para minha oitava maratona. A terceira do ano. Meio traumatizado com a maratona de São Paulo. Mestre George também não guarda boas recordações de São Paulo. Eita maratonazinha difícil!
Cogitei num acompanhante para nos seguir de bicicleta, em apoio. Não encontrei ninguém à empreitada. Mas foi o ZÉ. O zelador do prédio. Ficou em frente ao Paço Alfândega, no Km 21, e nos deu uma banana (literalmente) e um gatorade. Muito bom.
Chuva que Deus deu. Fui de carro, bem cedinho, e estacionei bem pertinho da largada.
Plano traçado: correr num passo de 6 min/Km. Forte das Cinco pontas, cais José Estelita, Antonio de Góis, Avenida Boa Viagem. E vimos a Elite voltando. Com grande satisfação, cumprimentei o Everaldo, corredor Baiano que conheci em Foz de Iguaçu. Cumprimentei amigos que não via há muito tempo, mas que sabia corredores, como José Carlos Auto de Alencar, colega da Receita nos idos de 1986. O Paulo Gustavo também passou. A cada dia corre mais e melhor.
A empolgação aflorou na subida do viaduto do Forte, no Km 19. Foi uma “paisagem” loira a minha frente. Contenção: olha o passo! Controlei-me. E a chuva deu uma trégua. E o sol começou a castigar. E o dedão do pé esquerdo começou a doer. Escolhi o tênis errado.
Mas a dor é reflexo. Liguei o ipod. Ivete Sangalo e Claudinha Leite. Som nas alturas. Olinda, enfim. Comentei com George: acho que os corredores de fora devem ficar abasbacados com tanta beleza. Com efeito, a orla do Recife e de Olinda é deslumbrante!
E no Km 32 cruzei com o Miguel, do Baleias __ encontrei a Marinês, integrante mor do Baleias em Pernambuco, no Km 21, ela me chamou de Xaxá (zoando), apelido familiar. Aliás, vi mais camisa do Baleias do que da Acorja.
Mestre George acompanhou-me até o 34º Km, depois disparou. O sujeito corre numa freqüência de 130 batimentos por minuto, em média. Condicionamento físico estupendo.
Na hora da onça beber água (Km 34), deu-me uma canseira medonha. Diminui o passo. E fui com a força da mente. Encontrei ainda o Júlio Cordeiro. Ele corria com um sapato social. O sujeito é uma fera. Correu as maratonas do Rio e de Brasília nas semanas anteriores.
Cheguei afinal. Ainda consegui dar um pique. Tempo pelo garmin: 4h12min50seg. A estratégia de manter o passo na casa dos 6min/Km foi fundamental. A unha do dedão do pé esquerdo está preta, mais eu estou feliz . . .