quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Resumo do ano!

Ainda corro amanhã.
Eis o resumo do connect:

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O advogado e o legista!

E o interrogatório foi desse jeito:

 

__Doutor, antes de fazer a autópsia, o senhor checou o pulso da vítima?

 

__Não.

 

__O senhor checou a pressão arterial?

 

__Não.

 

__O senhor checou a respiração?

 

__Não.

 

__Então, é possível que a vítima estivesse viva quando a autópsia começou?

 

__Não.

 

__Como o senhor pode ter certeza?

 

__Porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa.

 

__Mas ele poderia estar vivo mesmo assim?

 

__Sim, é possível que ele estivesse vivo e cursando Direito em algum lugar . . .

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domingo, 12 de dezembro de 2010

Visionário!

LUTO DA FAMÍLIA SILVA.


    Assistência foi chamada. Veio tinindo. Um homem estava morto. O cadáver foi removido para o necrotério. Na seção dos “Fatos Diversos" do Diário de Pernambuco, leio o nome do sujeito João da Silva. Morava na Rua da Alegria. Morreu de hemoptise.
  João da Silva - Neste momento em que seu corpo vai baixar à vala comum, nós, seus amigos e seus irmãos, vimos lhe prestar esta homenagem. Nós somos os Joões da silva. Nós somos os populares Joões da Silva. Moramos em várias casas e em várias cidades. Moramos principalmente na rua. Nós pertencemos, como você, à família Silva. Não é uma família ilustre; nós não temos avós na história. Muitos de nós usamos outros nomes, para disfarce. No fundo, somos os Silva. Quando o Brasil foi colonizado, nós éramos os degredados. Depois fomos os índios. Depois fomos os negros. Depois fomos imigrantes, mestiços. Somos os Silva. Algumas pessoas importantes usaram e usam nosso nome. É por engano. Os Silva somos nós. Não temos a mínima importância. Trabalhamos andamos pelas ruas e morremos. Saímos da vala comum da vida para o mesmo local da morte. Às vezes, por modéstia, não usamos nosso nome de família. Usamos o sobrenome de Tal". A família Silva e a família “de Tal" são a mesma família. E, para falar a verdade, uma família que não pode ser considerada boa família. Até as mulheres que não são de família pertencem à família Silva.

    João da Silva - Nunca nenhum de nós esquecerá seu nome. Você não possuía sangue azul. O sangue que saía de sua boca era vermelho - vermelhinho da silva. Sangue de nossa família. Nossa família, João, vai mal em política. Sempre por baixo. Nossa família, entretanto, é que trabalha para os homens importantes. A família Crespi, a família Matarazzo, a família Guinle, a família Rocha Miranda, a família Pereira Carneiro, todas essas famílias assim são sustentadas pela nossa família. Nós auxiliamos várias famílias importantes na América do Norte, na Inglaterra, na França, no Japão. A gente de nossa família trabalha nas plantações de mate, nos pastos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balcões, no mata, nas cozinhas, em todo lugar onde se trabalha. Nossa família quebra pedra, faz telhas de barro, laça os bois, levanta os prédios, conduz as bondes, enrola o tapete do circo, enche os porões dos navios, conta o dinheiro dos Bancos, faz os jornais, serve no Exército e na Marinha. Nossa família é feito Maria Polaca: faz tudo.
Apesar disso, João da Silva, nós temos de enterrar você é mesmo na vala comum. Na vala comum da miséria. Na vala comum da glória, João da Silva. Porque nossa família um dia há de subir na política.


- Rubem Braga -   
(junho 1935)

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Jogo contra Alzheimer_teste sua idade mental!



Jogo contra Alzheimer_teste sua idade mental!


JOGO CONTRA ALZHEIMER
(exercite o cérebro)

CONHEÇA A IDADE DO SEU CÉREBRO


Este jogo (teste) japonês vai mostrar se seu cérebro é mais jovem ou mais velho do que o resto do seu corpo.

Como jogar:

1. Clique no site abaixo

2. Quando abrir a página, tecle 'start'

3. Aguarde pelo 3, 2, 1.

4. Memorize a posição dos números e clique nos círculos, sempre do menor 
para o maior número, começando pelo ZERO, se ele estiver presente.

5. No final do jogo, o computador vai dizer a idade do seu cérebro!

Boa Sorte!

http://flashfabrica.com/f_learning/brain/e_brain.html




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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Recordações!

Gosto muito de Graciliano Ramos, sobretudo de Vidas Secas. Acho que à conta de os personagens, de certa forma, assemelharem-se a pessoas que conheci, quando criança. Filó, sua esposa, que não recordo o nome, e as filhas Irene e Zefa, além do cachorro Xaréu, em quase nada diferem da família do Fabiano, incluindo a cachorra Baleia.

Moravam numa casa de taipa, num “sítio” de meu Pai. Todo sábado, dia de feira na cidade, o Filó passava lá na farmácia, pra receber a “semana”. Às vezes, vinha com a família; outras, apenas com Xaréu.

Assim como Fabiano, Filó gostava de tomar umas “lapadas” e, muita vez, bêbado, caía na rua, com o fiel escudeiro ao lado. Acho que o sonho de sua mulher era ter uma cama de mola, também. Xaréu morreu atropelado.

Zefa casou com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vicência, em face do que meu pai ficou com um medo enorme de não ser acionado na Justiça do Trabalho. Não sei que fim levou a Irene.

Lembro muito de passeio em Caçuá (espécie de cesto, que se coloca no lombo de burro), quando ia ao sítio. Importante esse registro.

Tenho que Graciliano criou os personagens com base em recordações da infância.

Criar personagens, desenvolver diálogos, sem ter vivenciado situação parecida, com efeito, não é pra qualquer um. Refiro-me a Clarice Lispector, em a Hora da Estrela. O fato de ter morado em Maceió, e em Recife, o que, de certa forma, deu-lhe alguns subsídios, não foi, com certeza, o sustentáculo para a criação da obra. Fico abasbacado toda vez que leio o seguinte diálogo entre Macabéia e o namorado:

__ Olhe, Macabéia . . .
__ Olhe, o quê?
__ Não, meu Deus, não é “olhe” de ver, é “olhe” como quando se quer que uma pessoa escute! Está me escutando?
__Tudinho, tudinho!
__Tudinho o quê, meu Deus, pois se eu ainda não falei! Pois olhe vou lhe pagar um cafezinho no botequim. Quer?
__Pode ser pingado com leite?
__Pode, é mesmo preço, se for mais, o resto você paga.

Mas corredor que se preza tem que falar de corrida. Não é que venho sentido dores na curva do pé direito. Consultei uma Fisioterapeuta, aliás, muito competente, que descobriu que a pisada do referido pé é completamente irregular. De modo que ganhei (R$ 120.00) uma palmilha específica. Aconselhou-me também a fazer pilates. Vou tentar. Espero resolver o problema, pois que quero continuar correndo por mais 30 anos. É mole?

sábado, 4 de dezembro de 2010

Refúgios!

Tô meio afastado do Blog. Mas correndo feito louco. Se é que louco corre. Depois da maratona do Recife, dia 15 de novembro passado, venho correndo, regularmente, três vezes por semana. Neste final de semana entretanto vou descansar.
Como não consigo ficar sem fazer nada, estou a fuçar algumas obras __ refúgios de minha inconstância.
A primeira, Os Ensaios (volume dois), de Montaigne. Assim o autor discorre no capítulo XIV:

Como nosso espírito se enreda em si mesmo.

É uma idéia engraçada imaginar um espírito balançando regularmente entre dois desejos equivalentes. Pois é indubitável que ele nunca tomará partido, uma vez que a reflexão e a decisão comportam desigualdade de valor; e se nos colocassem entre a garrafa e o presunto, com igual apetite de beber e de comer, sem a menor dúvida a única solução seria morrer de fome e sede. Para sanar esse inconveniente, os estóicos, quando lhes perguntam de onde nossa alma provém a escolha entre duas coisas indiferentes e o que faz que de um grande número de escudos peguemos um em vez de outro, sendo todos iguais e não havendo nenhuma razão que nos incline para a preferência, respondem que esse movimento da alma é extraordinário e desregrado, surgindo em nós de um impulso externo, acidental e fortuito. Antes se poderia dizer, parece-me, que não se apresenta a nós coisa alguma em que não haja alguma diferença, por leve que seja; e que, ou à vista ou ao toque, há sempre algo mais que nos atrai, mesmo que seja imperceptivelmente. Da mesma forma, se presumirmos que um barbante é igualmente forte em toda a extensão, é impossível, por impossibilidade total, que ele arrebente; pois por onde quereis que a ruptura comece?  E arrebentar em toda parte ao mesmo tempo não está na natureza. Quem ainda acrescentasse a isso as proposições geométricas que concluem, pela prova de suas demonstrações, que o conteúdo é maior que o continente, o centro tão grande quanto sua circunferência, e que descobrem duas linhas se aproximando constantemente uma da outra e nunca podendo unir-se, e apedra filosofal, e a quadratura do círculo, em que a razão e a experiência são tão opostas, talvez obtivesse um argumento para reforçar estas ousadas palavras de Plínio: “Solum certum nihil esse certi, et  homine nihil miserius aut superbius” (Não há nada certo excerto a incerteza, e nada mais mísero e orgulhoso do que o homem).

A segunda, Cândido, de Voltaire:

Um dia, em que passeava nas proximidades do castelo, pelo pequeno bosque a que chamavam parque, Cunegundes viu entre as moitas o doutor Pangloss que estava dando uma lição de física experimental à camareira de sua mãe, moreninha muito bonita e dócil. Como a senhorita Cunegundes tivesse grande inclinação para as ciências, observou, sem respirar, as repetidas experiências de que foi testemunha; viu com toda a clareza a razão suficiente do doutor, os efeitos e as causas, e regressou toda agitada e pensativa, cheia do desejo de se tornar sábia, e pensando que bem poderia ela ser a razão suficiente do jovem Cândido, o qual também podia ser a sua.

E durmam com uma bronca dessas, como diz o filósofo “Cardinot”.